Nathalia Garcia

Idiana Tomazelli

Danielle Brant

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - Escolhido pelo governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para assumir o comando da área de Fiscalização do Banco Central, Rodrigo Monteiro poderá se tornar o primeiro diretor preto da história da autoridade monetária. A cúpula da instituição já teve pessoas pardas em sua composição histórica.

A escolha por Monteiro, cujo nome foi apresentado pelo ministro Fernando Haddad (Fazenda) e ratificado por Lula, está em sintonia com a promessa do governo de trazer mais diversidade para a alta administração.

Nesta terça-feira (21), o presidente assinou o decreto que estabelece cota para pessoas negras em, no mínimo, 30% dos cargos comissionados e de confiança no governo federal, com prazo até o fim de 2025 para alcance da meta.

O critério será de autodeclaração de pretos e pardos, conforme o quesito cor ou raça usado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e que possuem traços fenotípicos que as caracterizem como de cor preta ou parda.

Rodrigo Monteiro, 53, é formado em economia pela UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e servidor de carreira, com 28 anos de atuação no BC. Trabalhou nos últimos 18 anos na área de fiscalização, sendo 11 como chefe-adjunto do departamento de Supervisão de Cooperativas e de Instituições Não Bancárias, sua função atual na sede em Brasília.

Ele é visto pelo governo como conhecedor da área que ficará sob seu comando. Além disso, a escolha é vista como simbólica e se deu em meio à celebração do Dia Internacional contra a Discriminação Racial, em 21 de março.

Havia preocupação por parte dos funcionários que a diretoria de Fiscalização fosse liderada por algum nome do mercado financeiro, podendo gerar conflito de interesse. Monteiro é filiado ao Sinal (Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central), mas não compõe a diretoria da entidade.

"Rodrigo Monteiro reúne todas as condições para exercer suas atribuições da Difis [diretoria de Fiscalização], uma das diretorias mais sensíveis e importantes da autarquia por garantir a estabilidade e a segurança do sistema financeiro brasileiro", afirmou Fabio Faiad, presidente do Sinal, em nota.

De acordo com a entidade, a área tem como atribuição "supervisionar o cumprimento das normas prudenciais pelas instituições financeiras, analisar e avaliar a qualidade e a confiabilidade das informações fornecidas pelas instituições financeiras, como balanços patrimoniais e demonstrativos de resultados, identificar e monitorar os riscos associados às operações das instituições financeiras, como risco de crédito, risco de mercado e risco operacional".

Na terça, o ministro Rui Costa (Casa Civil) disse que Lula já tinha definido os nomes sugeridos pelo titular da Fazenda e que a indicação formal será feita após a viagem do presidente à China, que começa no dia 25 de março e vai até 1º de abril.

"O Haddad levou os dois nomes, ele [Lula] conversou com os dois, aprovou e vai indicar os dois nomes ao Senado assim que retornar [da China]", disse Costa, em entrevista à GloboNews.

A lei da autonomia da autoridade monetária, aprovada em 2021, determinou que cabe ao presidente da República a indicação dos nomes para a cúpula do BC. Posteriormente, os indicados passam por sabatina na CAE (Comissão de Assuntos Econômicos) do Senado Federal. Os escolhidos são, então, levados ao plenário para aprovação.


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