SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O Brasil manteve em março a liderança no ranking mundial de juros reais, mas a taxa recuou em relação à reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central realizada em janeiro.

O levantamento do Portal MoneYou e da Infinity Asset Management também mostra que, nas últimas quatro semanas, 55% desses países elevaram suas taxas, 42,5% mantiveram e 2,5% cortaram.

Nesta quarta-feira (22), o Copom manteve a taxa básica em 13,75% ao ano. Nesta mesma data, o juro real estava em 6,94% ao ano. Na reunião do comitê de janeiro, era de 7,38%. Em dezembro, atingiu 8,16%.

Os cálculos consideram o juro real "ex-ante". Ou seja, a diferença entre a taxa do investimento no contrato DI (Depósito Interbancário) de um ano nesta data, descontada a inflação projetada para os 12 meses à frente --coletada na pesquisa Focus do BC, com cerca de 100 economistas.

Em relação a janeiro, houve queda nos juros futuros do patamar de 13,60% para cerca de 13%. As projeções de inflação recuaram de 5,75% para 5,56%.

A taxa real "ex-ante" (taxa esperada) é a mais relevante para a política monetária, pois influencia decisões futuras de investimento e consumo. Já a taxa "ex-post", com base nos juros e inflação verificados nos últimos 12 meses, serve para avaliar o retorno de um investimento já realizado.

Em março, a aposta em relação a uma possível antecipação no início do corte de juros pelo BC ganhou força.

Em termos nominais, a taxa básica no Brasil só está atrás dos juros de 78% ao ano na Argentina, país que tem uma inflação que supera 100%.

De acordo com os responsáveis pelo ranking, o movimento global de políticas de aperto monetário ganhou força desde janeiro, com o aumento expressivo no número de bancos centrais que sinalizaram preocupação com a inflação, mesmo com a queda do preço de commodities. Ainda há pressões, no entanto, nos preços de alimentos e serviços.

Considerando um grupo maior, de 156 países, 61,5% mantiveram os juros, 32,7% elevaram e 5,8% cortaram.

Também nesta quarta, o Federal Reserve, banco central dos EUA, aumentou os juros em 0,25 ponto percentual e colocou a taxa de referência do país na faixa de 4,75% a 5%.

A meta para 2023 é de 3,25%, com limite de 4,75%. Para 2024 e 2025, a meta prevista é de 3%, com limite de 4,5%

GLOSSÁRIO

Taxa básica de juros

A taxa Selic é a referência para os demais juros da economia. Trata-se da taxa média cobrada em negociações com títulos emitidos pelo Tesouro Nacional, registradas diariamente no Selic (Sistema Especial de Liquidação e de Custódia)

Taxa real de juros

Considera uma taxa nominal, a Selic, por exemplo, descontada a inflação

Taxa real ex-ante

Calculada olhando para a frente (taxa esperada), com base nas projeções para juros e inflação. É a mais relevante para a política monetária, pois influencia decisões futuras de investimento e consumo

Taxa real ex-post

Calculada olhando para trás (taxa verificada), com base nos juros e inflação nos últimos 12 meses, por exemplo. Serve para avaliar um investimento já realizado

Copom (Comitê de Política Monetária)

Órgão do Banco Central, formado pelo seu presidente e diretores, que define, a cada 45 dias, a taxa básica de juros da economia, a Selic

IPCA

Indicador medido pelo IBGE que serve como meta de inflação. A meta é definida pelo Conselho Monetário Nacional, órgão que tem a participação do BC, do ministro da Fazenda ou Economia e de outros membros da equipe econômica.


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