SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Em dia de muitas oscilações, a Bolsa firmou tendência de alta e o dólar de queda no começo da tarde desta sexta-feira (24). O mercado coloca na balança os dados do IPCA-15 de março, que mostram uma desaceleração na inflação, e o cenário mais tenso no exterior, com as crescentes dúvidas sobre a saúde do sistema financeiro nos Estados Unidos e na Europa.
Às 12h50, o Ibovespa operava em alta de 1%, a 98.911 pontos. O dólar comercial à vista recuava 0,62%, a R$ 5,255.
No mercado de juros, as taxas estão em queda, reagindo ao cenário internacional e também ao dado de inflação no Brasil divulgado nesta sexta, o IPCA-15.
Nos contratos com vencimento em janeiro de 2024, a taxa recuava de 13,18% do fechamento desta quinta-feira para 13,10% às 12h50 desta sexta. Para janeiro de 2025, os juros caíam de 12,13% para 11,95%. No vencimento em janeiro de 2027, a taxa passava de 12,37% para 12,27%.
O IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15), considerado a prévia da inflação oficial, subiu 0,69% em março, sobre alta de 0,76% no mês anterior, informou o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
A alta do registrou desaceleração e o índice se aproxima dos 5% em 12 meses, mas a pressão exercida pela gasolina ainda compensa o aumento mais fraco dos preços de alimentos.
"Apesar de ter vindo ligeiramente acima do esperado, a composição do IPCA-15 mostrou um resultado mais favorável", afirma João Savignon, diretor de Macroeconomia da Kínitro Capital.
Para Ricardo Jorge, especialista em renda fixa e sócio da casa de análse Quantzed, quando se olha para os detalhes do IPCA-15 de março, o resultado é positivo. "A notícia mais relevante veio da desaceleração dos núcleos do índice. Isso é um ponto bem positivo e que faz o mercado reagir bem".
A preocupação com a saúde do sistema financeiro internacional volta a provocar uma aversão a risco nos mercados internacionais. Desta vez, as atenções estão voltadas principalmente ao alemão Deutsche Bank, que apresentou aumento nas taxas de risco dos seus títulos negociados em mercado.
Além disso, a secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, convocou nesta sexta uma reunião extraordinária com as autoridades regulatórias do sistema financeiro do país, segundo informações da agência Bloomberg.
O Deutsche Bank operava em baixa de quase 10% perto do final dos pregões na Europa, enquanto o UBS recuava mais de 4%. Os papéis do banco alemão caem há três sessões seguidas, e já perderam 20% do valor em março. O custo dos seus CDS (uma forma de seguro para detentores de títulos) chegou à máxima em quatro anos.
"O Deutsche Bank tem se mantido no centro das atenções por um tempo, de maneira semelhante ao que ocorreu com o Credit Suisse", disse Stuart Cole, economista-chefe da Equiti Capital.
O Deutsche Bank se recusou a comentar quando contatado pela Reuters.
Autoridades suíças e o UBS correm para concluir a aquisição do Credit Suisse em menos de um mês, segundo duas fontes com conhecimento dos planos.
Fontes diferentes disseram que o UBS prometeu pacotes de retenção para os executivos da área de gestão de patrimônio do Credit Suisse na Ásia, com o objetivo de evitar uma saída em massa de profissionais.
A Jefferies reduziu a recomendação para as ações do UBS de "compra" para "manutenção", dizendo que a aquisição do Credit Suisse muda a tese de investimento, que se baseava em um perfil de risco mais baixo, crescimento orgânico e altos retornos de capital.
Em Nova York, os índices de ações estavam em queda. Às 12h50 (horário de Brasília), o Dow Jones operava em baixa de 0,25%. S&P 500 e Nasdaq caíam 0,55% e 0,40%, respectivamente.
Na Europa, perto do fechamento, os índices Euro Stoxx 50, CAC 40 de Paris e DAX de Frankfurt tinham baixas próximas de 2%, enquanto o FTSE 100, de Londres, recuava 1,40%.
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