BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O ministro Fernando Haddad (Fazenda) afirmou nesta terça-feira (28) que a ata do Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central "veio com termos mais condizentes" do que o comunicado divulgado logo após o encontro na última quarta-feira (22).

No documento, o colegiado do BC fez acenos ao Ministério da Fazenda em meio à pressão do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pela redução dos juros e dedicou um longo parágrafo à nova regra fiscal em elaboração para substituir o teto de gastos.

"Acredito que [a ata] está em linha com o comunicado, mas da mesma forma que aconteceu no Copom anterior, a ata com mais tempo de preparação veio com termos que eu diria mais condizentes com as perspectivas futuras de harmonização da política fiscal com a política monetária. Que é o nosso desejo desde sempre", disse o ministro.

Pouco depois da reunião na semana passada, o titular da Fazenda tinha classificado o tom do comunicado do Copom como "muito preocupante". Na última quarta, o BC não cedeu à pressão pela redução dos juros, contrariou Lula e manteve a taxa básica (Selic) em 13,75% ao ano.

Na ata divulgada nesta terça, o BC fez eco ao discurso de Haddad sobre harmonia entre as políticas monetária e fiscal e seus efeitos positivos.

"O comitê reforçou que a harmonia entre as políticas monetária e fiscal reduz distorções, diminui a incerteza, facilita o processo de desinflação e fomenta o pleno emprego ao longo do tempo", disse a autoridade monetária no documento.

O Copom destacou também que uma regra fiscal "sólida e crível" pode ajudar no processo de desinflação ao produzir efeitos nas expectativas, embora a apresentação do novo marco não tenha relação direta e imediata com a política de juros.

O colegiado do BC ressaltou em dois trechos do comunicado a necessidade de ter "serenidade e paciência" ao longo do processo de desinflação em referência aos efeitos defasados da política monetária sobre a economia.

Questionado por jornalistas se o governo ajudaria o trabalho da autoridade monetária nesse sentido, Haddad rebateu dizendo que o BC também tem de colaborar com a gestão petista.

"O Banco Central também tem de nos ajudar, é um organismo que tem dois braços, um ajudando o outro. Sempre insisto nessa tese porque dá a impressão que um é espectador do outro, não é assim que a política econômica tem de funcionar. São dois lados ativos, concorrendo para o mesmo propósito, para o mesmo objetivo, que é garantir crescimento com baixa inflação", disse.

"Isso só é possível pela harmonização da política fiscal com a monetária, nós vamos atingir nossos objetivos, fazer o país depois de dez anos voltar a crescer de maneira sustentável, esse é o desejo do presidente", acrescentou.

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