RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - O comitê que analisa os currículos de indicados à alta administração da Petrobras avaliou que há impedimentos à nomeação do secretário executivo do MME (Ministério de Minas e Energia), Efrain Cruz, ao conselho de administração da companhia.

É o terceiro entre os 11 indicados ao colegiado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a enfrentar questionamentos nos órgãos internos de governança: o conselho de administração rejeitou na semana passada as indicações de Pietro Mendes e Sérgio Machado Rezende.

A indicação de Cruz ainda será avaliada pelo conselho, mas a tendência é que também seja rejeitada, diante da possibilidade de conflito de interesses entre sua função no governo e a atuação no órgão que define as estratégias da Petrobras.

Ex-diretor da Aneel, Cruz é visto com ressalvas tanto dentro da estatal como no mercado de energia. No dia em que sua nomeação à secretário do MME foi divulgada, as ações das empresas do setor despencaram na Bolsa de São Paulo.

Gestores avaliam que sua participação no governo eleva a percepção de risco político no setor de energia., já que ele é associado a grupos políticos ligados ao Centrão e visto como representante de lobbies, especialmente no setor de gás.

O parecer do comitê que analisa os currículos na Petrobras não é determinativo e já foi desconsiderado algumas vezes durante o governo Jair Bolsonaro (PL).

Em 2022, a empresa defendeu que a posição do conselho não é definitiva e permitiu a eleição de nomes rejeitados pelo colegiado, em ação que foi considerada um ataque à Lei das Estatais.

Com base nesse argumento, Bolsonaro elegeu para o colegiado o número dois da Casa Civil, Jonathas Assunção, e o procurador-geral da Fazenda Nacional, Ricardo Soriano, que haviam sido vetados pelo comitê.

Crítico da lei, o governo Lula também tem insistido em nomes com vedações claras a cargos em empresas controladas pela União. Repetiu Bolsonaro, por exemplo, ao indicar a chefe da Fazenda Nacional, Anelize Lenzi Ruas de Almeida.

Seu nome ainda não foi avaliado pelo conselho. Na primeira reunião sobre a lista de indicados de Lula, foram aprovados Jean Paul Prates; o diretor da ANA (Agência Nacional de Águas e Saneamento), Vitor Saback; o economista ligado ao PT Bruno Moretti; e Suzana Kahn Ribeiro, que foi secretária de Mudanças Climáticas do Ministério do Meio Ambiente no segundo governo Lula.

Pietro Mendes foi considerado inelegível por ocupar cargo no ministério e Sergio Machado Rezende, por pertencer ao diretório nacional do PSB.

O conselho de administração da Petrobras tem 11 vagas e a União, maior acionista, tem direito a disputar oito. Outras duas são reservadas a representantes dos acionistas minoritários a uma, a representante dos trabalhadores.

A eleição será no dia 27 de abril. Mais um vez, o governo terá a concorrência do maior acionista individual da Petrobras, o banqueiro João José Abdalla Filho, conhecido como Juca Abdalla, dono do banco Clássico. Ele e o advogado Marcelo Gasparino disputarão vagas no conselho.

Os dois já são membros do colegiado, em vagas conquistadas nas últimas assembleias de acionistas. Com apoio de outros minoritários, os dois ficaram com duas cadeiras que eram normalmente ocupadas por indicados da União.

A Petrobras afirmou que não vai comentar o assunto.


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