RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - A renda média do trabalho no país teve queda de 2,1% em 2022, mas a massa de rendimentos, considerada a soma dos salários, avançou 6,6% com a entrada de mais brasileiros no mercado.
É o que indicam dados divulgados nesta quinta-feira (11) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). As informações integram a Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) Contínua: Rendimento de Todas as Fontes 2022.
Com a queda de 2,1% ante 2021, a renda média de todos os trabalhos foi estimada em R$ 2.659 no ano passado, já ajustada pela inflação. Trata-se do menor patamar da série histórica, iniciada em 2012, e da segunda retração consecutiva.
O valor do rendimento médio é calculado a partir da divisão dos recursos obtidos com o trabalho pelo número de trabalhadores ocupados em vagas formais ou informais.
Alessandra Brito, analista da pesquisa do IBGE, avaliou que o recuo da renda média era de certa forma esperado devido ao retorno expressivo de profissionais ao mercado, incluindo aqueles de faixas salariais mais baixas, que foram mais prejudicados no início da pandemia.
De acordo com o IBGE, a população ocupada com algum tipo de trabalho teve acréscimo de 7,7 milhões de pessoas no ano passado. Com o aumento, o indicador chegou ao patamar recorde de 95,2 milhões.
"O rendimento do trabalho é o menor da série, mas entrou muita gente no mercado", ponderou Brito.
Com mais brasileiros ocupados, a massa de rendimento mensal de todos os trabalhos subiu 6,6%, para R$ 253,1 bilhões. Segundo o IBGE, o resultado representa uma recuperação do indicador, conhecido como a soma dos salários, após as perdas de 3,2% em 2021 e de 5,6% em 2020.
"Dentre os fatores que ajudaram a explicar o aumento da massa de rendimento do trabalho, entre 2021 e 2022, está o crescimento da população ocupada, que preponderou sobre a queda do rendimento médio do trabalho no período", afirma o IBGE.
DESIGUALDADE DE RENDA DIMINUI
Outro destaque do levantamento foi a redução da desigualdade dos rendimentos do trabalho medida pelo índice de Gini. De 2021 para 2022, o indicador recuou de 0,499 para 0,486, o menor nível da série histórica.
O índice de Gini mede a concentração dos ganhos. Seu valor varia de zero (perfeita igualdade) a um (desigualdade máxima).
O IBGE atribuiu a redução da disparidade a dois fatores. São eles: o aumento da população ocupada formal, que costuma ter rendimentos menos desiguais, e o avanço da renda dos informais, que haviam sofrido perdas na fase inicial da pandemia.
Brito ponderou que, mesmo em queda, o índice de Gini ainda ficou em um nível que sinaliza desigualdade elevada entre os trabalhadores brasileiros.
Além de olhar para o mercado de trabalho, a pesquisa do IBGE também traz dados sobre a renda das outras fontes. Em 2022, o rendimento médio das outras fontes alcançou a marca de R$ 1.657. O valor representa uma alta de 12,1% ante a mínima da série histórica, registrada em 2021 (R$ 1.478).
As outras fontes incluem aposentadorias, pensões, aluguéis, arrendamentos, doações, mesadas e outros rendimentos. Benefícios sociais são contabilizados em outros rendimentos.
Ao tocar nesse ponto, o IBGE destacou o peso do Auxílio Brasil, que foi elevado pelo governo Jair Bolsonaro (PL) às vésperas das eleições do ano passado.
Com o reforço do auxílio, a renda média dos outros rendimentos alcançou a máxima histórica de R$ 814, o que significa uma alta de 44,8% ante a mínima da série (R$ 562), registrada em 2021. No governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o Auxílio Brasil voltou a ser chamado de Bolsa Família.
No recorte de todas as fontes (trabalho e outras), o rendimento médio mensal cresceu 2% frente a 2021, chegando a R$ 2.533. Apesar do avanço, o valor é o segundo menor da série.
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