SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Os fundos lastreados no agronegócio são considerados uma nova fronteira da indústria de investimentos, ainda concentrada no setor de energia. É nessa nova frente que opera o recém-criado Verus, fundo de hedge [proteção] comandado pelo brasileiro Marco Ribeiro, que colaborou por quase duas décadas no processo de internacionalização da JBS, e Greg Bechtel, que liderou as operações de grãos da Bunge na América do Norte.

PERGUNTA - O que há de tão promissor no Brasil para esse tipo de negócio?

MARCO BARROS SAMPAIO - Existe uma oportunidade com o crescimento do agro e do biodiesel. Na época da abertura da China, e do etanol, a gente via oportunidades de nível 3 em uma escala de 0 a 10. Com o biodiesel, a oportunidade extrapolou esse limite.

Por que hoje fundos ligados a energia conseguem movimentar mais que os do agronegócio? Até 2014, os fundos [de investimento] de commodities de agricultura representavam quase 40% do total [negociado pelo mercado]. Energia era de 30% a 40%. Hoje, a energia segue com os mesmos 40% e o agro, menos de 10%. Estamos vendo uma oportunidade muito grande com renováveis [combustíveis].

P. - Por que dolarizar todos os investimentos do fundo?

MS - É um hedge [proteção] contra a inflação também. Toda vez que tem muita inflação no mundo, as pessoas correm para as commodities.

P. - Quais são suas metas?

MS - Já temos mais ou menos US$ 250 milhões investidos. Nossa intenção é triplicar o tamanho do fundo e queremos fazer isso especificamente no Brasil.

Seria mais fácil conseguir investidores institucionais dos EUA, gigantes como a BlackRock, que para eles investir US$ 250 milhões é uma parte muito pequena do portfólio. Não queremos ser um fundo enorme porque fica mais difícil trazer retorno. O mercado de commodities, especificamente o de agricultura, não é tão grande na bolsa. Quando chegarmos a US$ 750 milhões, a ideia é fechar para investimentos. O maior fundo hoje, nos Estados Unidos, deve ter US$ 1,5 bilhão.

P. - Nós vamos concorrer com esse tipo de fundo?

MS - Sim. Mas também vamos concorrer com Citadel, com BlackRock, que não estão focados apenas nas commodities.

P. - Então, buscam agricultores fundamentalmente?

MS - Queremos um investidor que tem risco na agricultura. Tenho um conhecido com muita soja e que arrendou a terra para um terceiro. Ele disse "puxa, eu tinha um renda de x, mas agora será uma renda de x menos 30% porque a soja despencou no Brasil. Como vou proteger esse risco?". Conosco ele consegue proteger a receita dele.

P. - Quem já demostrou interesse?

MS - Vamos conversar com family offices, com produtores brasileiros altamente capitalizados. Temos alguns interessados no Centro-Oeste. As reuniões começam nesta semana.

RAIO-X

Marco Barros Sampaio é formado em Administração pela Lynn University e iniciou sua carreira como trader de commodities na Cargill, em 1997. Cinco anos depois, migrou para a JBS, onde atuou como chefe de risco da companhia, acompanhando a transformação de uma das maiores empresas de alimentos do mundo. Fundou a Verus Commodities em dezembro de 2022.


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