SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O dólar fechou em alta nesta segunda-feira (29), dia de movimento baixo nos mercados globais em razão de um feriado nos Estados Unidos. A resolução do impasse sobre o teto da dívida americana e o fechamento da taxa Ptax também estiveram no radar dos investidores.
Já a Bolsa brasileira teve leve queda puxada por Petrobras e Vale, num movimento visto como uma correção das altas registradas nas últimas semanas.
O dólar subiu 0,46%, a R$ 5,011, enquanto o Ibovespa teve queda de 0,51%, fechando em 110.333 pontos.
No último sábado (27), o presidente dos EUA, Joe Biden, anunciou que chegou a um acordo para aumentar o teto da dívida americana por dois anos e, ao mesmo tempo, limitar os gastos do governo durante o mesmo período.
O anúncio encerrou um impasse que há semanas vinha gerando cautela em investidores, que se preocupavam com um possível calote do Tesouro americano caso um acordo não fosse definido até o dia 1° de junho.
O plano, porém, ainda precisa passar pelo Congresso americano. Kevin McCarthy, republicano que preside a Câmara, afirmou no fim de semana que o texto deve ser aprovado mesmo com a oposição a Biden na Casa, prevendo apoio da maioria de seu partido.
Após finalizar o texto, Biden afirmou que o acordo já está pronto para ser apreciado pelos congressistas. "Isso tira a ameaça de calote catastrófico da mesa, protege nossa recuperação econômica histórica e suada", disse o presidente dos EUA.
Um grupo de parlamentares republicanos de extrema direita, porém, disse nesta segunda que irá se opor à negociação para o aumento do limite da dívida, em um sinal de que o acordo bipartidário em torno da questão poderá enfrentar um caminho difícil no Congresso.
Além disso, o baixo movimento financeiro por conta do feriado nos Estados Unidos também afetou a moeda americana.
Dois profissionais ouvidos pela Reuters afirmaram que alguns participantes do mercado aproveitaram a baixa liquidez para impulsionar as cotações, já com o foco na formação da Ptax de fim de mês, no dia 31.
A Ptax é uma taxa de câmbio calculada pelo Banco Central que serve de referência para a liquidação de contratos futuros. No fim de cada mês, agentes financeiros costumam tentar direcioná-la para níveis mais convenientes às suas posições, sejam elas compradas (no sentido de alta do dólar) ou vendidas em dólar (no sentido de baixa).
Investidores americanos aguardam, ainda nesta semana, novos dados econômicos que podem dar pistas sobre a próxima decisão do Fed (Federal Reserve, o banco central americano) sobre juros.
Na sexta-feira, será divulgado um importante relatório de emprego do governo dos EUA, que é acompanhado de perto pelo banco central do país. Dados mais fortes do que o esperado podem sustentar a percepção de uma economia resiliente e reforçar apostas numa nova elevação dos juros no encontro do Fed de 13 e 14 de junho.
Os principais índices acionários dos EUA não funcionaram nesta segunda, justamente por conta do feriado.
BOLSA FECHA NO NEGATIVO COM QUEDAS DE VALE E PETROBRAS
No Brasil, a queda do Ibovespa foi puxada pelas ações da Vale e da Petrobras, as mais negociadas da sessão, que tiveram queda de 0,56% e 0,22%, respectivamente.
Quedas de Itaú (0,44%) e Equatorial Energia (2,28%), que também ficaram entre as mais negociadas, contribuíram para a performance negativa do índice.
Além disso, a Eletrobras caiu 2,03%, devolvendo parte da alta registrada neste mês e em meio a declarações de membros do governo sobre sua privatização.
As maiores perdas do dia, porém, ficaram com a Vibra (3,91%), que passa por correção após uma forte valorização em maio, e BRF (2,89%), que segue impactada por registros de casos de gripe aviária no país.
Na outra ponta, o Ibovespa foi apoiado por altas de ações do BTG (0,59%), única entre as cinco mais negociadas do dia a fechar em alta, Cogna (3,26%) e CVC (4,03%).
Os juros futuros, por sua vez, subiram após terem registrado queda nos últimos dias. Os contratos com vencimento em janeiro de 2024 foram de 13,17% para 13,22%, enquanto os para 2025 saíam de 11,43% para 11,50%.
Nesta segunda, o Boletim Focus, do Banco Central, mostrou que analistas voltaram a reduzir suas expectativas para a inflação em 2023 após sinais de alívio no aumento dos preços. Agora, a projeção é que a inflação termine o ano em 5,71%, ante os 5,80% registrados na publicação anterior.
O recuo da inflação e a aprovação do novo arcabouço fiscal na Câmara reforçam a expectativa de um início de cortes na Selic (taxa básica de juros) no segundo semestre deste ano.
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