SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A Bolsa brasileira registrava alta e o dólar tinha queda no início da tarde desta quinta-feira (1°) após a divulgação do PIB do primeiro trimestre do Brasil, que teve desempenho acima do esperado.

A aprovação do projeto que suspende o teto da dívida dos Estados Unidos na Câmara dos Deputados americana também auxilia o ambiente de negócios, puxando o dólar para baixo e impulsionando os índices de ações do país

Às 13h, o Ibovespa subia 1,81%, a 110.296 pontos, enquanto o dólar recuava 1,04%, a R$ 5,021.

O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou nesta quinta que o PIB brasileiro registrou crescimento de 1,9% no primeiro trimestre de 2023, na comparação com o quarto trimestre de 2022. O resultado surpreendeu analistas, que esperavam alta de 1,3% no período, segundo pesquisa da Bloomberg.

O crescimento econômico do primeiro trimestre foi impulsionado principalmente pela agropecuária, que teve alta de 21,6% no período, o maior avanço do setor desde 1996. As condições favoráveis de produção no país levaram a estimativas recordes de safras neste ano.

No setor de serviços, o principal do PIB, houve avanço de 0,6% no primeiro trimestre. A indústria, por sua vez, ficou estagnada, com leve variação negativa de 0,1%.

"O Brasil está indo na contramão do mundo. Enquanto outros países estão subindo os juros e dando um freio na economia, o Brasil mostra outro lado, atraindo investimentos, com o agro forte e entrada de recursos estrangeiros no país", diz Piter Carvalho, economista-chefe da Valor Investimentos.

O economista-chefe da G5 Partners, Luís Otavio Leal, afirmou que a conclusão com relação ao PIB é que ele veio bom, mas a concentração do resultado agropecuário coloca em dúvida a sustentação deste movimento.

"Apesar deste resultado expressivo, acreditamos que os números dos próximos trimestres deverão ficar mais próximos da estabilidade", afirmou.

Já Patrícia Krause, economista-chefe para América Latina da Coface, destaca os dados sob ótica da demanda (como os produtos e serviços são produzidos) do PIB deste trimestre, que dão sinais de desaceleração.

"O crescimento da demanda foi puxado principalmente pelo resultado pelo setor externo, e não pelo crescimento das exportações [que caíram 0,4%], mas por uma forte queda das importações [de 7,1%], o que mostra fraqueza das atividades domésticas", diz a economista.

Por isso, Krause afirma que, apesar das projeções de alta para o PIB, os próximos trimestres devem ser de desaceleração econômica, especialmente por causa do alto nível de juros no Brasil, que impacta o consumo e a indústria do país. Ela destaca, ainda, a queda dos investimentos produtivos na economia brasileira, que caíram 3,4%.

Os mercados de juros futuros registravam leve queda nesta tarde. Os contratos com vencimento em janeiro de 2024 iam de 13,21% para 13,20%, enquanto os para 2025 tinham estabilidade em 11,47%.

Na Bolsa, altas de Petrobras e Vale davam força à subida do Ibovespa, com ganhos de 2,28% e 2,67%, respectivamente. As empresas, que eram as mais negociadas da sessão, pressionaram o índice nos últimos dias, impactadas pela queda das commodities, e ensaiam recuperação nesta quinta.

As maiores altas da sessão era de Yduqs (6,60%), MRV (3,96%) e B3 (4,42%).

Puxavam o Ibovespa para baixo, porém, quedas do setor de energia, com Equatorial, Energisa e Eletrobras caindo 1,77%, 2,97% e 0,50%, respectivamente. A maior perda da sessão era da Meliuz, que recuava quase 4%.

No exterior, os índices acionários também impulsionavam o Ibovespa, com otimismo após o projeto que suspende o teto da dívida de US$ 31,4 trilhões americana ter sido aprovado por parlamentares na quarta-feira (31).

O texto contou com o apoio de democratas e republicanos e seguirá agora para o Senado, que deverá aprovar a medida antes da próxima segunda-feira (5), prazo estabelecido pelo Tesouro para honrar o pagamento das dívidas na situação atual.

Com isso, o Dow Jones, o S&P 500 e o Nasdaq subiam 0,48%, 0,60% e 0,85%, respectivamente.

A aprovação do projeto de lei sobre a dívida também apoiou a queda do dólar no exterior. O índice DXY, que mede o desempenho da moeda americana ante outras divisas fortes, tinha queda de 0,55% no início desta tarde.


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