BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Gabriel Galípolo, afirmou nesta terça-feira (13) que o atual cenário da economia não impacta a discussão sobre metas de inflação, prevista para ocorrer em duas semanas, e disse ter certeza de que manter os juros altos não é um desejo do BC (Banco Central). O economista foi indicado por Lula (PT) para a vaga na diretoria de Política Monetária da autarquia.
"Como a gente discute? Sempre a partir de uma visão estrutural e não conjuntural e oportunística. O fato de a inflação ter caído ou ter subido não afetou em nada, acho até que isso fica bastante claro na decisão de se respeitar o rito normal", disse Galípolo em evento da revista piauí sobre o funcionamento da máquina pública.
"Por que não antecipa a discussão de meta de inflação? Porque não há nada de conjuntural perturbando o tema da discussão da meta de inflação", acrescentou.
A meta de inflação é definida pelo CMN (Conselho Monetário Nacional), colegiado formado pelos ministros da Fazenda (Fernando Haddad), do Planejamento e Orçamento (Simone Tebet) e pelo presidente do BC (Roberto Campos Neto).
O tema é tradicionalmente discutido pelo CMN nas reuniões de junho. Para o próximo encontro, agendado para o dia 29, há grande expectativa quanto à discussão sobre as metas de inflação. Isso porque o governo já sinalizou anteriormente o desejo de mudar o alvo da autoridade monetária nos próximos anos.
Atualmente, os objetivos perseguidos pela autoridade monetária são 3,25% neste ano e 3% em 2024 e 2025, com intervalos de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos.
Lula criticou publicamente os objetivos fixados até 2025, considerados pelo chefe do Executivo como muito baixos. A definição das metas atuais foi feita na gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), uma vez que o debate é feito com três anos de antecedência.
Na próxima reunião, o CMN deve indicar a meta de inflação para 2026 e, adicionalmente, poderá alterar alvos definidos previamente para 2024 e 2025.
Mais recentemente, Haddad defendeu um ajuste no horizonte da meta a ser perseguida. Hoje, o BC mira o índice de inflação do ano-calendário, mas o titular da Fazenda já se mostrou favorável a uma meta com prazo móvel, desvinculada do ano fechado.
Questionado se achava que o Brasil iria se beneficiar de uma mudança no sistema de metas de inflação para uma meta contínua, Galípolo evitou dar sua opinião, sob o argumento de que não estava falando no evento como economista, mas como secretário-executivo da Fazenda e indicado à diretoria do BC.
"O ministro Fernando Haddad foi bastante vocal sobre o sistema de meta de inflação. A discussão que a gente teve sobre sistema de metas de inflação desde início, desde a minha chegada, em nenhum momento foi buscando alguma coisa oportunística, casuística", afirmou.
"O Banco Central tem um protagonismo grande nessa discussão do sistema de metas de inflação e assim como qualquer tipo de política", continuou.
Galípolo também comentou a melhora nos indicadores econômicos, citando que o câmbio está em um patamar muito diferente do que há um ano e que as projeções para a inflação e crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) estão melhorando.
"O Banco Central vem fazendo um trabalho e atuando nesse sentido para colher justamente isso [melhora nos indicadores], tenho certeza de que ninguém no BC tem, em qualquer ambiente, o desejo de manter taxa de juros alta. É uma política calcada no que se acredita que é o caminho", disse.
Uma vez que seu nome seja aprovado pelo Senado para o BC, Galípolo vai ocupar uma cadeira no Copom (Comitê de Política Monetária), colegiado do BC responsável por recalibrar o patamar da taxa básica de juros (Selic) a cada 45 dias.
Atualmente, a Selic está fixada em 13,75% ao ano. O alto patamar dos juros vem sendo criticado por Lula e por outros integrantes da gestão petista.
Nome de confiança de Lula, Galípolo precisará se equilibrar entre a autonomia do BC e a missão de atuar em favor do corte de juros -apelo do chefe do Executivo ecoado por outros membros do governo desde o início do mandato.
Ele será sabatinado pela CAE (Comissão de Assuntos Econômicos) do Senado em 27 de junho. A votação no plenário da Casa ainda não foi anunciada, mas há expectativa de que ocorra no mesmo dia.
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