BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - Em conversas reservadas, analistas de corretoras e de bancos de investimento questionam se a Unipar tem musculatura financeira suficiente para garantir sua proposta de compra do controle da petroquímica Braskem, hoje pertencente à Novonor (ex-Odebrecht).
Duas são as perguntas: 1) como Frank Abubakir, o controlador da Unipar, conseguirá levantar ao menos R$ 10 bilhões no mercado com um Ebitda (lucro antes de juros, impostos, amortizações de depreciações) de R$ 2,6 bilhões? 2) Além disso, como conseguirá renegociar mais R$ 4 bilhões em dívidas com os bancos credores e fazer uma oferta pública para comprar outros R$ 7 bilhões em ações dos minoritários da Braskem?
Para eles, a conta fecha em R$ 21 bilhões e não somente R$ 10 bilhões, como divulgado ao mercado.
Abubakir explica para eles que é dono de uma empresa sem dívida e que, dessa forma, poderia elevar o endividamento da companhia até quatro vezes o seu Ebitda. Ainda assim, diz que a empresa seria considerada saudável ?pelos cálculos do empresário, se chegar a esse ponto, consegue levantar R$ 10,4 bilhões com empréstimos.
Diz ainda que a dívida de R$ 4 bilhões se refere à Novonor (ex-Odebrecht), controladora da Braskem. Portanto, não terá de arcar com esse valor.
Sobre os R$ 7 bilhões de tag along (obrigação de estender a mesma oferta dos controladores para os acionistas minoritários interessados em vender seus papéis), explica que dependerá dos planos da Petrobras na Braskem.
Ao que parece, diz Abubakir ao mercado, a estatal tem interesse em trocar ativos hoje da Braskem por ações, o que reduziria ?e muito? o valor dessa operação.
Os analistas, entretanto, continuam incrédulos. Avaliam que o Ebitda da Unipar equivale às despesas que a Braskem teve ano passado somente com a reparação do acidente geológico de Maceió (AL), onde as minas de sal-gema da companhia causaram o afundamento de bairros inteiros.
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