SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Com a decisão do BC (Banco Central) de manter a taxa Selic inalterada em 13,75% ao ano nesta quarta-feira (21), as debêntures incentivadas de infraestrutura despontam como o investimento de maior rentabilidade real entre as principais aplicações financeiras da renda fixa, de acordo com levantamento da plataforma de busca de investimentos Yubb.
Segundo o estudo, as debêntures incentivadas, títulos de dívida emitidos por empresas para financiar grandes obras de infraestrutura que oferecem isenção do IR (Imposto de Renda) à pessoa física, devem entregar um retorno real de 9,93% em uma janela de 12 meses. Para chegar ao resultado, o levantamento considerou uma inflação de 5,12% projetada pelo Focus para 2023.
Na sequência entre as maiores rentabilidades estimadas pela plataforma, vêm as LCIs (Letras de Crédito Imobiliário) e LCAs (Letras de Crédito do Agronegócio), que também contam com a isenção tributária, com rendimentos reais de 8,24% e 7,85%, respectivamente.
"É interessante continuar a buscar oportunidades em renda fixa, tendo em vista que a taxa Selic está bastante alta, mesmo não sendo possível encontrar as mesmas taxas que estavam disponíveis no começo de 2023", afirma Bernardo Pascowitch, fundador do Yubb.
Na ponta oposta, a poupança aparece entre as aplicações de menor rendimento real dentre as principais alternativas consideradas no levantamento.
Mesmo com a isenção do IR, a poupança deve entregar um retorno real, descontada a inflação, de apenas 3,19% na janela de um ano, mostra o estudo do Yubb.
A despeito da escalada da Selic, que saiu da mínima histórica de 2% em março de 2021 para os atuais 13,75%, a aplicação da caderneta segue com o rendimento inalterado em 6,17% ao ano, mais a TR (Taxa Referencial), que está em 2,2% em 12 meses, resultando em uma rentabilidade bruta de aproximadamente 8,5%.
A remuneração da poupança é de 0,5% ao mês sempre que a Selic estiver acima de 8,5% ao ano. Já quando a taxa básica é de até 8,5%, o rendimento da poupança equivale a 70% da Selic.
De toda forma, com o aumento da TR impulsionando os ganhos da poupança, a aplicação tradicional deixou a lanterna entre as principais alternativas de investimento, ultrapassando os CDBs dos grandes bancos, que são tributados e entregam um retorno líquido de 2,92% em média, segundo o levantamento.
Sócio do escritório de investimentos HCI Invest e planejador financeiro pela Planejar, Luccas Fioreli afirma que, com a perspectiva de queda da Selic à frente, produtos que acompanham a trajetória do CDI tendem a perder apelo gradativamente.
Em um cenário de redução dos juros, alternativas que assumem maior nível de risco, de modo a buscar um ganho maior que a Selic aos investidores, devem ganhar espaço no portfólio, diz Fioreli, que cita os fundos de ações e os multimercados entre as principais opções que têm indicado aos clientes.
O especialista ressalta, contudo, que antes de partir para ativos de maior risco, o investidor precisa ter bem claro qual o seu apetite para aumentar o nível de volatilidade na carteira, para evitar situações em que queira resgatar o dinheiro ao primeiro solavanco da Bolsa.
"Independentemente se a Selic está alta ou baixa, a primeira coisa é entender o apetite de cada um para tomar risco", afirma Fioreli, acrescentando que, mesmo com a perspectiva de queda da taxa, os retornos na renda fixa devem seguir em patamar atrativo ao redor dos dois dígitos ainda por um bom tempo --no Focus, as projeções indicam a taxa básica de juros em 12,25% em dezembro de 2023.
Analista da Toro Investimentos, Paloma Brum afirma que, considerando o cenário de que a taxa Selic seguirá em um patamar ainda elevado nos próximos meses, a alocação em renda fixa pós-fixada segue como a principal recomendação aos clientes.
"Não vamos ver a Selic abaixo de 10% neste ano, então os investimentos em renda fixa, especialmente atrelados ao CDI, continuam atrativos", diz a especialista, que vê uma boa oportunidade neste momento oferecida pelos ativos prefixados, que permitem ao investidor "travar" uma rentabilidade mais alta do que deve ser a taxa básica de juros vigente no final do ano e em 2024.
A analista da Toro afirma ainda que tem promovido um gradual aumento na recomendação da alocação em ações e fundos imobiliários àqueles investidores com maior apetite ao risco. "O cenário de queda da Selic é super favorável ao mercado de renda variável", diz Paloma. Ela afirma que o mercado não vai esperar a queda efetiva dos juros para montar posições nos segmentos mais arriscados do mercado.
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