SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A União Europeia deve liberar mais investimentos para economia verde no Brasil em julho, quando acontece em Bruxelas uma cúpula entre a Celac (Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos) e a UE.

O anúncio feito na semana passada pela presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, de 2 bilhões de euros (R$ 10,48 bilhões) para a produção de hidrogênio verde no Brasil, "é só a ponta do iceberg", segundo Graziano Messana, novo presidente da Eurocâmaras -organização no Brasil que reúne as câmaras de comércio dos países-membros da UE.

"O Brasil vai receber a maior fatia dos investimentos que a União Europeia está reservando para países de fora da Europa." Segundo ele, durante a cúpula entre a Celac e a União Europeia serão definidos novos investimentos com recursos do fundo do Global Gateway, programa da União Europeia que visa investir 300 milhões de euros (R$ 1,57 bilhão) até 2027 para impulsionar projetos de sustentabilidade em países em desenvolvimento que estejam fora da comunidade europeia.

Os investimentos são destinados para os setores digital, energético e de transportes, e para fortalecer os sistemas de saúde, educação e pesquisa em todo o mundo.

"Claro que tem um interesse das empresas europeias que estão nesses países. Olha o Brasil: no setor energético, a maior empresa estrangeira no país é italiana, a Enel. No setor de transportes, temos a montadora europeia Stellantis, que está desenvolvendo carros elétricos populares. Em infraestrutura tem a EcoRodovias", ressalta Messana.

O presidente da Eurocâmaras diz que o Global Gateway avalia usar o BEI (Banco Europeu de Investimentos) para analisar os projetos sustentáveis de interesse da UE. "O BEI é muito criterioso, porque está acostumado a emprestar dinheiro", afirma Messana. "E há muitos profissionais nas equipes do Global Gateway que entendem desses setores e sabem se um projeto é um fracasso ou se vai longe", completa.

Por enquanto, é uma comissão da UE que fica responsável por analisar os projetos, sejam eles parcerias público-privadas ou iniciativas unicamente privadas.

"Em alguna casos, o investimento é direito. Em outros o dinheiro entrará como um empréstimo subsidiado, ou vai apenas garantir que outros parceiros privados se juntem ao projeto", descreve.

Messana conta que nenhum órgão público deve receber esses investimentos, que irão diretamente aos projetos em desenvolvimento.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), contudo, não comparecerá no encontro de julho, que terá a presença do vice-presidente, Geraldo Alckmin (PDB), segundo informou a assessoria de imprensa internacional da Presidência da República.

PRINCIPAIS ALVOS

Além do Brasil e de outros países da América Latina com iniciativas sustentáveis, Messana diz que, na mira do Global Gateway, estão também países africanos.

"A África joga um papel importante. No que diz respeito a infraestrutura, o objetivo primordial é a integração das redes de transportes multimodais europeias e africanas, sobretudo através da criação de corredores estratégicos e da harmonização dos quadros regulamentares e normas para a construção e operação de infraestruturas", diz o presidente da Eurocâmaras.

A Ásia Central também está na mira do programa, tirando a China. "Ela é a última da fila. A China só fez um protocolo de entendimento com a União Europeia para produção de baterias", conta Messana.

A Índia também não deve receber os investimentos do Global Gateway, já que tem uma matriz energética suja. "A Índia polui muito, ao contrário do Brasil, que já tem uma matriz energética limpa".


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