SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A manutenção de uma meta de inflação de 3% pelo CMN (Conselho Monetário Nacional), com a substituição da referência dos 12 meses do ano por um período contínuo, pode ajudar a melhorar as expectativas para o IPCA (inflação oficial) e permitir ao Banco Central iniciar o processo de corte de juros, segundo o economista-chefe do Itaú-Unibanco, Mario Mesquita.
A mudança no período de apuração da meta é um ponto que vem sendo defendido pelo ministro Fernando Haddad (Fazenda) e está em linha com a prática internacional. Com isso, caberá ao BC avaliar tecnicamente o prazo de convergência da inflação e prestar esclarecimentos à sociedade.
O CMN, que reúne os ministros Fernando Haddad (Fazenda) e Simone Tebet (Planejamento), além do presidente do BC, Roberto Campos Neto, terá reunião nesta quinta (29) para discutir a meta de inflação até 2026.
Atualmente, as metas são 3,25% neste ano e 3% em 2024 e 2025, com intervalos de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos.
"A gente trabalha com a hipótese de uma meta permanente de 3%, sem ampliação das bandas. Será uma boa notícia, caso seja confirmada, reforçando a ideia de que há uma aversão da sociedade brasileira à inflação", afirma Mesquita, citando que os 3% também são os objetivos perseguidos por países como Chile, México e Colômbia.
Segundo Mesquita, o fim do ano-calendário é uma simplificação que facilita a compreensão do regime de metas pela sociedade. Ele diz que o Brasil foi um dos primeiros emergentes a adotar o regime que utiliza a taxa básica para manter o índice de preços dentro de um patamar, mas vai ser o último a chegar na meta permanente.
"Isso vai ajudar a conter as expectativas de inflação, e ajuda o BC a começar um processo de flexibilização", disse o economista, lembrando que a autoridade monetária sinalizou nesta terça (27) que deve começar a cortar os juros na próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), em agosto.
O Itaú projeta duas reduções de 0,25 ponto na taxa básica, atualmente em 13,75% ao ano, seguidas de cortes de 0,50 ponto. Com isso, a Selic terminaria 2023 em 12,25% e 2024 em 10%.
O banco projeta inflação de 5,3% neste ano e 4,4% em 2024. Luciana Rabelo, economista da instituição, afirma que os serviços pressionam os índices de preços neste ano.
"Ainda temos mercado de trabalho resiliente, reajustes [salariais] acima da inflação. Isso atrapalha uma desinflação mais forte desses serviços", afirma Rabelo.
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