SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Na última terça-feira (27), a Volkswagen divulgou que vai suspender a produção de veículos nas fábricas de São José dos Pinhais (PR), São Bernardo do Campo e Taubaté (SP) por conta da estagnação do mercado automotivo.
O anúncio ocorre em meio a um programa do governo federal para incentivar a compra de carros populares, que inclusive foi renovado nesta quarta-feira (28).
Mas então o que explica os pátios de montadoras estarem lotados num momento em que o governo fornece incentivos ao setor produtivo?
**1- Locadoras estão em compasso de espera**
As montadoras e as locadoras de veículos esperam que o governo oficialize a expansão do crédito para compra de carros e contemple também descontos para as empresas.
Como a primeira rodada do programa de descontos ficou restrita a pessoas físicas, as vendas para carros de frotas de empresas, que incluem as locadoras, ficaram travadas.
À Folha de S.Paulo, a Volkswagen confirmou que o 'mar de carros' em seu pátio no ABC é efeito da trava nas vendas para empresas e locadoras de veículos. Houve uma queda de 31% nas comercializações para pessoas jurídicas de maio a junho.
**2- Locadoras representam fatia grande das compras**
Vendas de veículos pelas concessionárias correspondem a cerca 50% do volume total. Da metade restante, a maior parte vai para locadoras.
Nesse sentido, o aumento das vendas por meio do consumidor não é suficiente para compensar as perdas das locadoras em emplacamentos.
Segundo Marco Aurélio Nazaré, presidente do conselho nacional da Abla (associação que representa o setor) as locadoras compram, por mês, cerca de 50 mil carros, e 58% deles são de entrada, com valor abaixo de R$ 120 mil.
"É necessário que as locadoras voltem. Para as montadoras, o que é interessa é volume de vendas. Como elas não alcançaram esse volume, não vão ficar produzindo sem parar", diz Cássio Pagliarini, sócio da Bright Consult.
**3- Montadoras querem equilibrar estoque**
Segundo analistas ouvidos pela Folha, as montadoras estão buscando um equilíbrio para evitar o excesso de estoque, um ativo que se deprecia no dia a dia.
"As montadoras estão optando por parar, pelo momento econômico não ser satisfatório. Por mais que a medida do governo tenha ajudado na redução do valor, os juros ainda estão muito altos e as parcelas ficam elevadas para quem precisa financiar", diz Milad Kalume, diretor de desenvolvimento de negócios da consultoria Jato.
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