SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Grãos ao ar livre expõem gargalo da logística no agro, preço do ovo dispara e o que importa no mercado nesta segunda-feira (17).

**GRÃOS AO RELENTO**

As imagens aéreas de uma montanha de milho ao relento no interior de Mato Grosso, obtidas pela BBC News Brasil, ilustram um problema que freia um crescimento ainda maior do agro no país: os gargalos de logística.

Entenda: as toneladas de milho estão armazenadas ao ar livre e expostas a temperaturas elevadas, à possibilidade de chuvas e a ataques de insetos e roedores por causa da falta de silos para armazenagem de grãos no país.

O problema é frequente, mas neste ano foi agravado pela supersafra de grãos e pela queda das cotações das commodities, que faz os produtores segurarem as exportações enquanto esperam por uma melhora nos preços.

Nesse cenário quem mais sofre é o milho, porque uma saca do grão vale menos da metade que a de soja ?que por essa razão "fura a fila" da armazenagem.

Em números: a safra de grãos de 2022/23 está projetada em 316 milhões de toneladas pela Conab (Companhia Nacional do Abastecimento).

Enquanto isso, o déficit de armazenagem dessas commodities no Brasil cresceu de 83 milhões de toneladas em 2022 para 118 milhões de toneladas este ano ?também um recorde.

Em 2021, a capacidade de armazenagem no país era de 75% a 80% da produção. A dos Estados Unidos é de 150%.

O problema também estoura no transporte. Uma vez que o produtor está colhendo mais, há uma demanda maior por caminhões, sobe o custo dos fretes e aumenta a fila de embarque e desembarque de produtos. A conta final vai para o bolso do produtor e dos consumidores.

Mais sobre agro:

"Céu é o limite" para setor, mas é preciso enfrentar "bandidos", diz Roberto Rodrigues, que foi ministro da Agricultura de 2003 a 2006.

Presença de robôs agrícolas vai crescer enquanto sobem os custos da mão de obra no campo.

**PREÇO DO OVO DISPARA**

Apesar de o país ter registrado uma inflação de 3,16% nos 12 meses encerrados em junho, alguns itens seguem pesando no bolso dos brasileiros.

É o caso do ovo de galinha, um dos alimentos mais consumidos no país e presença certa nas mais variadas dietas.

Em números: o aumento é de 22,93% nos 12 meses encerrados em junho, a maior alta de preços do ovo em uma década.

Em maio, a dúzia foi vendida em média por R$ 13,10 na capital paulista, 30,9% acima do ano anterior (R$ 10,01), conforme pesquisa do Procon-SP em parceria com o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos).

O que explica a alta do ovo:

Custos de produção: grãos como o milho, que é usado na ração das galinhas, subiram bastante no ano passado como reflexo da Guerra na Ucrânia.

Substituto das carnes: com o encarecimento de outras proteínas, o ovo passou a ser ainda mais adotado na dieta dos brasileiros.

Menor oferta: a alta da demanda encontrou um momento de menor produção de ovos no país, em um efeito ainda da seca de 2020, que afetou a safra de milho na época e desincentivou o aumento de matrizes [aves poedeiras].

Alívio: esse cenário tem prazo de validade, avaliam os economistas. A supersafra esperada para este ano e a queda das cotações das commodities devem ajudar a esfriar a inflação do ovo. O efeito já aparece na redução dos preços das carnes.

Mais sobre inflação:

Não é só o ovo. Veja uma lista com oito alimentos que ficaram ainda mais caros nos últimos 12 meses.

Restaurante Camélia Òdòdó, da chef e apresentadora Bela Gil, anunciou a redução de preços nos pratos por causa da deflação de alimentos.

**BANCOS INVESTEM EM SHOWS**

De Rock in Rio a Taylor Swift, os bancos brasileiros investem pesado na indústria do entretenimento com patrocínio a grandes shows de artistas nacionais e internacionais.

O que explica: além de fortalecer a marca, o objetivo é atrair novos clientes ?principalmente os mais jovens? com benefícios exclusivos.

As parcerias entre bancos e artistas geralmente envolvem uma pré-venda antecipada exclusiva aos clientes, que também contam com descontos e parcelamentos estendidos no cartão de crédito. Veja algumas delas:

Santander: fechou uma parceria com a produtora Live Nation para trazer nomes internacionais aos palcos brasileiros. O primeiro será o da cantora canadense Alanis Morissette.

Itaú: já vem patrocinando nos últimos anos o Rock in Rio e agora também investiu no "primo paulista" The Town.

Bradesco: patrocina o festival Lollapalooza.

C6: apostou nas apresentações da cantora norte-americana Taylor Swift.

BB (Banco do Brasil): investe em eventos como o festival João Rock, em Ribeirão Preto, o Turá, em São Paulo e Porto Alegre, e o Primavera Sound, também na capital paulista.

**STARTUP DA SEMANA: COBLI**

O quadro traz às segundas o raio-x de uma startup que anunciou uma captação recentemente.

A startup: fundada em 2017, a Cobli atua com gestão de frotas para empresas e promete reduzir os custos envolvidos no transporte rodoviário.

Em números: a startup anunciou na quarta (12) que recebeu um aporte de US$ 20 milhões (R$ 95 milhões).

A empresa soma R$ 350 milhões em volume captado desde sua fundação.

Quem investiu: o aporte foi liderado pelos fundos internacionais IFC, do Banco Mundial, e Fifth Wall. Acompanharam a rodada Qualcomm Venture, NXTP Ventures e GLP Capital Partners, que já eram investidores da companhia.

Que problema resolve: a Cobli instala sensores e câmeras nos veículos para coletar dados e fazer o monitoramento da frota.

A telemetria capta informações como localização, trajetos, acelerações, imagens de vídeo e frenagens.

Dessa forma, é possível fazer a gestão de gasto de combustível, manutenções preventivas e até o modo de condução dos motoristas.

A startup lançou recentemente um serviço que agrega inteligência artificial às imagens feitas dentro dos veículos com a ideia de reduzir infrações de trânsito, como o uso de celular ao volante.

Por que é destaque: além de ter sido o maior aporte anunciado por startups brasileiras na última semana, a empresas cita números do mercado americano para indicar o potencial de expansão do setor de gestão de frotas no Brasil.

São 11 milhões de veículos comerciais no Brasil, mas só 20% usam algum recurso de telemetria, segundo a Berg Insight Fleet Management.

Nos EUA, a participação desse recurso no segmento chega a 60%.


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