RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - A Petrobras decidiu tentar pela segunda vez arrendar as instalações de estaleiro no Rio de Janeiro, para reduzir o prejuízo com o aluguel mensal da área, que assumiu em 2011. Na primeira tentativa, em 2020, não recebeu ofertas consideradas atrativas.

A empresa lançou nova licitação para o arrendamento da área esta semana. Localizado no Rio de Janeiro, o estaleiro Inhaúma foi usado para converter navios petroleiros em plataformas flutuantes para produzir petróleo no pré-sal.

A área tem 321,6 mil metros quadrados, com galpões e equipamentos para construção naval. Foi arrendada pela CBD (Companhia Brasileira de Diques), em processo mediado pelo então governador do Rio Sérgio Cabral, depois condenado pela Operação Lava Jato.

Na época, a Petrobras defendia que as instalações, em águas abrigadas e com calado de sete metros, poderiam ser usada para trazer ao Brasil a construção de navios-plataforma antes feitos em estaleiros exterior.

Com a descoberta do esquema de corrupção investigado pela Operação Lava Jato e a suspensão de novas encomendas a estaleiros brasileiros, porém, a unidade está fechada desde 2016, quando entregou sua última plataforma.

Desde então, a estatal vem pagando um aluguel de cerca de R$ 8 milhões por mês. Ao todo, o contrato já custou à empresa R$ 541 milhões. Ainda faltam R$ 190 milhões a pagar até o fim da vigência, em 2031.

Em 2020, a Petrobras recebeu proposta pelo estaleiro, mas com valor bem abaixo do que considerava justo. Agora, espera que a nova expectativa gerada para a indústria naval brasileira possa melhorar o interesse.

A retomada de investimentos na indústria naval brasileira é uma das promessas de campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e já levou a mudanças na visão da Petrobras sobre o tema.

A estatal diz que pode contratar módulos para a construção de plataformas no Brasil e abriu um grupo de trabalho para avaliar encomendas de navios petroleiros.

Além disso, prevê para os próximos cinco anos o desmantelamento de 26 plataformas de produção que estão fora de operações. O primeiro contrato nesse sentido foi assinado no início de julho, com Ecovix e Gerdau.

O trabalho será conduzido no Estaleiro Rio Grande, no Rio Grande do Sul, que desmontará a plataforma P-32 e enviará a sucata para reprocessamento em siderúrgica da Gerdau.

Esse segmento é uma das principais apostas do governo para retomar a contratação de mão de obra pelos estaleiros, que chegaram a ter mais de 80 mil empregados durante o auge da atividade, em 2014, e hoje têm cerca de 20 mil.

Fontes do setor dizem que há interesse de empresários pelo uso da área do Inhaúma para a atividade de desmantelamento.

O estaleiro, que já foi conhecido como Ishikawagima, teve seus tempos áureos no primeiro ciclo de retomada da indústria naval brasileira, nos anos 1970, quando o país chegou a exportar navios para grandes petroleiras internacionais.


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