RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - Questionada pelas elevadas defasagens dos preços internos dos combustíveis, a Petrobras afirmou nesta segunda-feira (31) que ainda vê grande incerteza em relação ao comportamento das cotações internacionais do petróleo e defendeu não repassar volatilidades ao mercado interno.

O petróleo Brent, referência internacional negociada em Londres, ultrapassou nesta segunda a casa dos US$ 85 por barril, diante de cortes de produção em países como Rússia e Arábia Saudita e de notícias a respeito das economias da China e dos Estados Unidos.

O cenário indica que as defasagens nos preços internos dos combustíveis permanecerão elevadas. Na abertura do pregão desta segunda, a gasolina da Petrobras custava R$ 0,78 por litro abaixo da paridade de importação calculada pela Abicom (Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis).

Considerando refinarias privadas, a defasagem média nacional da gasolina é de R$ 0,68 por litro. No caso do diesel, a diferença nas refinarias da estatal era ainda maior, de R$ 0,83 por litro -a média nacional é R$ 0,75.

Desde maio, quando alterou sua política comercial, a Petrobras vende combustíveis abaixo dessa referência -abandonada pela companhia quando alterou sua política de preços dos combustíveis.

Em comunicado divulgado nesta segunda, a estatal diz que "tem observado com atenção os desdobramentos do mercado internacional de petróleo e seu impacto sobre o mercado brasileiro", mas reforçou que não repassará volatilidades aos preços internos.

"O momento é de grande incerteza quanto à recuperação da economia global, o que influencia

diretamente a demanda por energia, e quanto à oferta de petróleo e de combustíveis, de uma maneira geral", afirma.

"Essa combinação, no curtíssimo prazo, levou a uma elevação dos preços de referência e da volatilidade", continua, ponderando que, por outro lado, há um crescimento no fluxo de combustíveis da Rússia para o Brasil. Mais barato, o produto russo tem pressionado para baixo os preços internos.

A nova política comercial da Petrobras considera a paridade de importação como uma espécie de teto para os preços internos, cujo cálculo considera também o custo de produção e as alternativas para o cliente.

Especialistas vêm alertando, porém, que preços muito baixos geram distorções no mercado, com eventuais prejuízos para a estatal e produtores de etanol, como ocorreu no governo Dilma Rousseff.

No segundo trimestre de 2023, por exemplo, a Petrobras registrou o melhor volume de vendas de gasolina em seis anos, diante da melhor competitividade em relação ao etanol. Para abastecer seus clientes, teve que ampliar as importações do produto.

As vendas de gasolina pela estatal atingiram a média de 434 mil barris de gasolina por dia no trimestre, alta de 15,7% em relação ao mesmo período do ano anterior. A produção cresceu 4%, para 399 mil barris por dia. As importações somaram 52 mil barris por dia, bem superior à média recente.

As defasagens se ampliaram no início do terceiro trimestre. Na nota desta segunda, a Petrobras diz que "reajustes continuam sendo feitos sem periodicidade definida, evitando o repasse para os preços internos da volatilidade conjuntural das cotações internacionais e da taxa de câmbio".

E que qualquer decisão por reajustes será suportada por "análises técnicas e independentes".

"A companhia reitera que ajustes de preços de produtos são realizados no curso normal de seus negócios, em razão do contínuo monitoramento dos mercados", reforça o texto.

"O que compreende, dentre outros procedimentos, análise de preços competitivos por polo de venda, em equilíbrio com os mercados nacional e internacional, levando em consideração a melhor alternativa acessível aos clientes."


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