BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defendeu nesta quarta-feira (2) a expansão dos Brics, para incluir a Arábia Saudita e outros países interessados. O mandatário também citou os Emirados Árabes Unidos e a Argentina.
Lula então acrescentou que o G7 -grupo que reúne as principais economias do mundo- é um "clube" que não deveria existir, pois sua forma de realizar geopolítica está superada. E também disse que o FMI (Fundo Monetário Internacional) muitas vezes ajudar a "afundar os países"
Os Brics, bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, vão realizar a sua cúpula entre os dias 22 e 24 deste mês, no país africano. O presidente russo, Vladimir Putin, não vai participar presencialmente, em meio à pressão por conta da guerra entre seu país e a Ucrânia.
Lula então defendeu a expansão do bloco, sugerindo que seja um contraponto para "reeducar" as instituições atualmente controladas por potências ocidentais.
"Eu acho extremamente importante a Arábia Saudita entrar nos Brics. Acho extremamente importante os Emirados Árabes, se quiser entrar nos Brics, entrar nos Brics, [também] a Argentina", afirmou o presidente, acrescentando que a decisão precisa ser tomada por todos os países do bloco.
Na sequência, o presidente emendou com críticas ao G7, bloco do qual participou como convidado de uma cúpula no primeiro semestre deste ano, no Japão.
"Espero que um dia as pessoas percebam que o jeito de discutir política no G7 está superado. É preciso abrir. Na verdade, o G7 nem devera existir depois da criação do G20. As mesmas pessoas participam do G7 e do G20, então não sei para quê a continuidade. Mas as pessoas criaram um clube, querem participar e não sou eu que vou impedir", afirmou.
A declaração foi dada durante café da manhã com correspondentes estrangeiros no Palácio do Planalto. Esta é a terceira vez que o presidente realiza encontro com jornalistas desta forma. Da primeira vez, foi com repórteres que atuam na cobertura da presidência, e na segunda, com colunistas.
Lula aproveitou o encontro com a mídia internacional para criticar diversas organizações que são controladas por grandes potências, como a própria ONU (Organização das Nações Unidas), o FMI (Fundo Monetário Internacional), entre outros.
O mandatário voltou a defender que o bloco tenha uma moeda própria para que os países membros possam realizar comércio, sem depender do dólar.
"Todo mundo sabe que eu defendo a ideia de que a gente tenha uma moeda própria para fazer comércio entre os países. Tenho dito publicamente: por que o Brasil precisa de dólar para fazer comércio com a China? A gente pode fazer na nossa moeda. Por que o Brasil precisa de dólar para fazer comércio com a Argentina? A gente pode fazer nas nossas moedas. E mensalmente os bancos centrais fazem o acerto de contas. Não é uma coisa fácil de discutir", afirmou o mandatário.
O petista também acrescentou que o banco dos Brics, entidade presidida por Dilma Rousseff, precisa ser fortalecido e que os seus recursos sejam usados para financiamento que promovam o desenvolvimento dos países.
Então criticou as instituições econômicas formadas após a Segunda Guerra Mundial, que são controladas pelas potências ocidentais.
"Eu acho que o Banco dos Brics tem que ser mais eficaz e mais generoso que o FMI. Ou seja, um banco ele existe para ajudar a salvar o país e não para ajudar a afundar o país, que é o que o FMI faz muitas vezes", afirmou o presidente.
"O Brics, na minha opinião [...] deve servir para ajudar com um financiamento adequado, sem espada na cabeça, os outros países a se desenvolver. Eu espero que se a gente conseguir formular esse novo banco, com essa nova mentalidade, a gente possa reeducar as instituições do Bretton Woods a se comportarem de forma diferente", completou.
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