BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O ministro Fernando Haddad (Fazenda) comemorou nesta quarta-feira (2) a redução da taxa básica de juros (Selic) pelo Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central e disse que a decisão foi técnica, não uma concessão ao governo após meses de críticas à política do BC.
Desde o início da gestão de Luiz Inácio Lulada Silva (PT), membros das alas política e econômica, além do próprio chefe do Executivo, cobram o corte dos juros como forma de dar impulso à atividade econômica. Lula inclusive já teceu críticas direcionadas ao presidente do BC, Roberto Campos Neto. Horas antes da decisão, o petista chamou o chefe do BC de "rapaz" que "não entende de Brasil".
Haddad, por sua vez, costuma centralizar seu discurso na defesa de um "alinhamento" entre as políticas fiscal e monetária. "O fato de estarmos nesse momento alinhados em torno da decisão não significa que houve concessão do Banco Central. Era uma situação de votação apertada, mesmo, com várias opiniões do mercado, muitos economistas falando sobre o assunto, todas as opiniões dignas e legítimas", disse nesta quarta.
O Copom decidiu reduzir a Selic em 0,50 ponto percentual, de 13,75% para 13,25% ao ano. A decisão não foi unânime: quatro diretores votaram por um corte menos intenso, de 0,25 ponto, mas prevaleceu a posição de outros cinco membros do colegiado ?incluindo os dois novos diretores indicados por Lula e o próprio Roberto Campos Neto, que acabou sendo o fiel da balança por um primeiro corte mais amplo.
O ministro da Fazenda afirmou que o presidente do BC deu um voto técnico. "Tenho certeza que o presidente do BC votou com aquilo que ele conhece de economia, com aquilo que ele domina em economia. É um voto técnico calibrado à luz de tudo o que ele conhece da realidade do país", disse ele. "Tenho certeza que o voto dele foi um voto totalmente balizado em considerações de natureza técnica."
Haddad disse ainda que a flexibilização da política monetária pode contribuir para reduzir os índices de inadimplência, ao trazer alívio a famílias que não estão conseguindo pagar suas contas em dia, embora reconheça que o corte na Selic é o "início de um processo", cujos efeitos podem chegar com alguma defasagem aos consumidores.
Por outro lado, o início da redução dos juros amplia o otimismo com o futuro e facilita, segundo o ministro, o planejamento de famílias e empresas em relação a novos investimentos.
"Eu tenho completa segurança de que nós não estamos facilitando em nada o combate à inflação. Nós temos compromisso com o combate à inflação e temos compromisso também com a responsabilidade fiscal e com o ajuste que está sendo feito, que se tornará mais fácil a partir de agora que a inflação está controlada e a economia vai começar a se replanejar", disse Haddad.
Antes de descer de seu gabinete para falar aos jornalistas, o ministro da Fazenda já havia comemorado a decisão em uma rede social. "O corte de 0,50 ponto percentual na taxa básica de juros sinaliza que estamos na direção certa. Um avanço no sentido do crescimento econômico sustentável para todos", escreveu.
Horas antes da decisão, o ministro disse que uma parte do mercado esperava inclusive queda de 0,75 ponto percentual, cenário que não se concretizou.
Após o anúncio da redução dos juros, o ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, afirmou que a redução da Selic "indica que o Brasil está no rumo certo". "Seguimos trabalhando por um crescimento econômico sólido e que promova melhorias ainda mais concretas na vida dos brasileiros."
O ministro da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, também comemorou a queda da taxa. "O governo do presidente Lula, o Congresso e a sociedade já tinham criado todas as condições necessárias para que a gente começasse essa trajetória decrescente", disse.
A ministra Simone Tebet (Planejamento e Orçamento), disse que a decisão do Copom, acompanhada de uma sinalização de novos cortes nos juros à frente, "fica em sintonia com o cenário atual de queda da inflação e de melhoria fiscal".
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