RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - A direção da Eletrobras disse nesta quarta-feira (9) acreditar na conclusão da usina nuclear Angra 3 independentemente de inclusão do projeto no PAC (programa de Aceleração do Crescimento), que será lançado nesta sexta (11) pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

"Trabalhamos sempre com a perspectiva de que esse processo, dada sua importância para o Brasil, seja continuado e concluído", afirmou o presidente da companhia, Wilson Ferreira Junior, em teleconferência com analistas para detalhar o balanço do segundo trimestre.

Nos últimos dias, circularam informações sobre a não inclusão da usina no PAC. Ferreira Junior afirmou, porém, que o projeto independe da decisão do governo sobre o programa. Atualmente, as obras dependem ainda de estudos solicitados no período da privatização da Eletrobras.

Um deles é a modelagem da nova tarifa da usina, que vai pagar os cerca de R$ 20 bilhões necessários para concluir as obras. Esse processo está sendo conduzido pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).

A Eletrobras é hoje sócia da ENBPar na Eletronuclear, que opera o complexo nuclear de Angra dos Reis, e garantidora de empréstimos de R$ 6 bilhões tomados para a construção da terceira usina.

Questionado por analistas sobre os riscos de as garantias serem acionadas por credores caso o governo desista do projeto, o diretor de Regulação da Eletrobras, Rodrigo Limp, disse não trabalhar com a hipótese. "Não acreditamos em Angra 3 não avançar."

Os analistas demonstraram preocupação com impactos no balanço da Eletrobras diante de eventual desistência da obra, tanto no resgate dos empréstimos quanto na participação nos custos para desmobilizar as obras.

Ferreira Junior destacou que a Eletrobras, embora seja majoritária na Eletronuclear, tem uma fatia menor no capital votante, o que faz do governo controlador da empresa. A Eletronuclear, diz, tem hoje Ebitda positivo, mas não suficiente para suportar todos os custos.

Em maio, o MME (Ministério de Minas e Energia) havia reforçado o interesse de o governo em concluir as obras de Angra 3, defendendo que a energia nuclear é uma alternativa dentro da transição energética, uma vez que não gera emissões de gases de efeito estufa.

As obras de Angra 3 foram paralisadas após a descoberta do esquema de corrupção investigado pela Operação Lava Jato, que levou à prisão executivos da Eletronuclear.

O governo bolsonarista criou um grupo de trabalho para avaliar o projeto e a Eletronuclear retomou as obras no final do ano passado, iniciando a concretagem do edifício do reator.

Em abril, no entanto, a construção chegou a ser embargada pela Prefeitura de Angra dos Reis. A administração municipal alegou que haviam sido feitas alterações no projeto original que feriam o acordo urbanístico.


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