SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A Bolsa brasileira teve forte alta de 1,50% fechou acima dos 116 mil pontos nesta terça-feira (22), impulsionada por ações da Vale e em meio a expectativa de investidores sobre a votação do arcabouço fiscal na Câmara dos Deputados.

Já o dólar registrou queda de 0,77% e terminou o dia cotado a R$ 4,939, com o alívio sobre o futuro da política de juros no exterior melhorando o ambiente para ativos de risco.

No Brasil, o foco esteve nas discussões sobre o arcabouço fiscal, que deve ser votado ainda nesta terça-feira (22). O otimismo sobre o avanço da pauta econômica no Congresso apoiou os negócios, em especial após temores de investidores sobre a relação entre os Poderes.

"O mercado estava bem cauteloso por causa de atritos entre o governo e o Congresso, e agora vemos um cenário mais positivo para aprovação de pautas importantes, que foi o que impulsionou a Bolsa no primeiro semestre", diz Gabriel Mota, operador de renda variável da Manchester Investimentos.

O temor do mercado era é que a pauta econômica permanecesse travada em meio a desentendimentos entre Executivo e Legislativo. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ainda não terminou o arranjo para acomodar siglas do chamado centrão no governo em sua reforma ministerial, e o ministro Fernando Haddad (Fazenda) protagonizou recentemente um embate com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).

No exterior, investidores aguardam o Simpósio de Jackson Hole, que terá início na quinta-feira (21) e vai reunir presidentes dos principais bancos centrais. O discurso do presidente do Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA) é o mais esperado, com o mercado a procura de pistas sobre o futuro da política monetária americana.

Preocupações sobre uma possível alta de juros nos EUA ainda este ano colaboraram para um ambiente de aversão ao risco e fizeram a moeda disparar nos últimos pregões.

Nesta manhã, porém, os rendimentos dos títulos americanos caíram após terem atingido máximas em 16 anos recentemente, o que indica certo alívio de operadores de mercado sobre a condução da política monetária americana.

"A elevação recente dos títulos americanos, em conjunto com a queda da Selic, comprimiu ainda mais o diferencial de taxas de retornos entre os títulos públicos dos dois países, reduzindo a atratividade para o capital estrangeiro no Brasil e estimulando o investimento de brasileiros no exterior", afirma Danilo Igliori, economista-chefe da Nomad.

Com o alívio nos títulos dos Estados Unidos, os negócios locais também foram beneficiados, em especial porque as curvas de juros futuros brasileiras seguiram a tendência de queda. Os contratos com vencimento em janeiro de 2025 caíram de 10,60% para 10,53%, enquanto os para 2026 foram de 10,26% para 10,16%.

A aprovação das novas regras fiscais, porém, continua sendo o principal catalisador positivo da semana.

"O arcabouço é visto como essencial para abrir o caminho para cortes de juros mais significativos pelo Banco Central, que sempre mencionou como empecilho as incertezas sobre a política fiscal", afirma o economista Alexsandro Nishimura, sócio da Nomos.

Nesse cenário, o Ibovespa subiu e fechou aos 116.156 pontos com apoio da Vale ?em dia de alta do minério de ferro no exterior? e da Petrobras, que avançaram 2,25% e 1,35%, respectivamente. Altas de Itaú (1,00%), Localiza (3,40%) e Ambev (0,97%), que completaram a lista de mais negociadas da sessão, também impulsionaram o índice.

Na ponta negativa, o setor de varejo pressionou o Ibovespa, com quedas de Via (0,59%) e Carrefour (0,96%) figurando entre as maiores da sessão.

Nos Estados Unidos, os principais índices fecharam em queda, com o S&P 500 e o Dow Jones registrando baixas de 0,28% e 0,51%, respectivamente. Já o Nasdaq permaneceu estável.


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