SOROCABA , SP (FOLHAPRESS) - A agência de viagens 123milhas voltou a ser um dos assuntos mais comentados nas redes sociais nesta terça-feira (29) após entrar com pedido de recuperação judicial. Usuários da X (ex-Twitter), criticaram a decisão em várias publicações.

O pedido de recuperação judicial foi feito junto à 1ª Vara Empresarial da Comarca de Belo Horizonte (MG). Na ação, a empresa declara dívidas da ordem de R$ 2,308 bilhões.

As turbulências na 123milhas começaram com a suspensão, em 18 de agosto, dos pacotes e passagens comprados pela linha Promo123.

"123 Milhas pedindo recuperação judicial. Engraçado que quando a empresa desses liberais começa a falir, é o estado que tem que salvar eles né? Agora para ficar falando que tem que ter 'estado mínimo' eles são os primeiros. Curioso né?", questionou um usuário

Algumas pessoas também publicaram que a medida era "previsível". Em alguns posts, usuários chamaram a agência de viagens de "esquema de pirâmide".

"E foram de Americanas a 123milhas e a Hotmilhas. Entraram em recuperação judicial declarando uma dívida de R$ 2,3 bilhões. Então se você tem passagem com eles e realmente quer viajar, recomendo tentar comprar uma nova. E infelizmente terá de assumir o prejuízo", destacou outro internauta ao comparar a situação da agência de viagens com a Americanas, que também enfrenta uma crise financeira com pedido de recuperação judicial.

Alguns internautas lamentaram a recuperação judicial, principalmente pelos clientes que seriam lesados com a medida. "123Milhas pediu recuperação judicial e minha viagem tá indo de arrasta para cima", escreveu Jonas Pimentel.

"De um lado o dia em que eu e meus amigos comemorávamos nossa viagem em grupo para Nova York comprada pela 123 milhas. Do outro o pedido de recuperação judicial da empresa", dizia uma postagem com fotos de amigos exibindo passagens compradas pela agência mineira e ao lado o pedido de recuperação.

"123Milhas protocolou pedido de recuperação judicial. Coitado dos clientes que irão ser prejudicados com essa manobra da empresa", lamentou outro usuário.

Os comentários sobre a recuperação judicial da empresa se somam às reclamações dos clientes que tiveram o reembolso de viagens divididos em vários vouchers com o valor fragmentado.

A avalanche de críticas se torna ainda maior após os sócios da 123Milhas faltarem ao depoimento da CPI das Pirâmides Financeiras, na Câmara dos Deputados. A oitiva de Ramiro Júlio Soares Madureira e Augusto Júlio Soares Madureira foi remarcada para esta quarta-feira (30), às 18h.

**RECORDE DE RECLAMAÇÕES**

A empresa bateu o recorde de reclamações no site Reclame Aqui. Até o último domingo (27), foram 42.246 queixas -mais do que a empresa observou em todo o ano de 2021 (36.085).

O pico de queixas contra a 123milhas ocorreu em 19 de agosto, um dia depois do anúncio de suspensão das vendas, quando a empresa registrou 3.415 reclamações no site. Até então, a 123milhas estava muito bem avaliada junto ao Reclame Aqui, com alto índice de respostas e resolução de problemas. Agora, a reputação da empresa aparece "sob análise" no site.

Já no ano passado, a 123milhas viu o montante de clientes descontentes com o serviço mais do que dobrar, de 36.085 para 75.867. Entre as queixas mais comuns ao longo do ano passado e deste ano estão "estorno do valor pago" e "propaganda enganosa".

O site Reclame Aqui também observou um pico de reclamações contra a HotMilhas, a primeira empresa dos irmãos Soares Madureira no negócio de turismo, fundada antes da 123milhas.

De acordo com o site, no acumulado de 1º de janeiro a 27 de agosto deste ano, foram 2.038 queixas contra a HotMilhas, que já superam as 1.878 registradas no ano passado. As reclamações mais comuns são "não recebimento do pagamento" e "problemas na utilização de pontos e milhas".

**ENTENDA O PEDIDO DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL**

Após a agência de viagens ingressar com o pedido de recuperação judicial em Belo Horizonte, o pedido precisa ser aceito pela Vara Empresarial.

Se o pedido é aceito, a empresa consegue barrar a execução de dívidas e ganha tempo para organizar um plano de pagamentos. A 123milhas pede a suspensão das ações dos requerentes -no caso, os consumidores que foram buscar seus direitos na Justiça- pelo prazo de 180 dias.

Como justificativa para o pedido de recuperação judicial, a empresa afirma não ter conseguido o honrar com a entrega dos pacotes promocionais -que envolvem passagens e estadias sem data definida. No pedido, a 123milhas afirma que este produto corresponde a apenas 5% do total de clientes, que somam 5 milhões ao ano. De acordo com a companhia, para ser viável, o produto deveria responder por mais.

A empresa coloca entre as justificativas para a crise a alta dos preços das passagens por parte das companhias aéreas.


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