RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - A Petrobras foi a companhia global com o maior corte no valor dos dividendos pagos no segundo trimestre, conforme levantamento da gestora Janus Henderson. Com a queda, a empresa deixou a lista de maiores pagadoras do mundo, que liderou no mesmo período do ano anterior.
O desempenho da estatal ainda não contempla a mudança na política de dividendos aprovada em julho, uma vez que a Janus Hederson considera o valor efetivamente pago em cada trimestre ?e, portanto, aprovado em trimestres anteriores.
Em relatório divulgado nesta quarta-feira (30), a gestora diz que o corte nos dividendos da Petrobras reflete os menores preços da energia. O ranking não traz valores, mas diz que o recuo da companhia foi determinante para a queda de 53% nos dividendos pagos por empresas brasileiras.
"Maior pagadora do mundo em 2022, a Petrobras também teve o maior corte de dividendos no segundo trimestre", resume o texto. No ano passado, quando teve o maior lucro da história das companhias abertas brasileiras, a estatal distribuiu R$ 194 bilhões em dividendos.
No segundo trimestre de 2023, segundo suas demonstrações financeiras, a Petrobras pagou R$ 30,6 bilhões, menos da metade dos R$ 62 bilhões pagos no mesmo período do ano anterior.
O corte ainda não reflete a nova política de remuneração aos acionistas da estatal, que reduziu de 60% para 45% o percentual de fluxo de caixa livre destinado a dividendos. Essa regra começou a valer nos dividendos do segundo trimestre, que serão pagos durante o ano.
Promessa de campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a mudança na política de dividendos da Petrobras reduziu em R$ 5 bilhões o valor anunciado no segundo trimestre, que foi de R$ 15 bilhões.
A empresa alega que precisa de mais dinheiro para investir em setores abandonados por gestões anteriores, como petroquímica, fertilizantes e energias renováveis. A petroleira excluiu do cálculo dos dividendos também eventuais valores usados para aquisição de novos negócios.
Além disso, anunciou uma política de recompra de ações, que prevê a aquisição de até 3,5% dos papéis em circulação no mercado. Com isso, garante aos investidores retorno sem necessariamente pagar dividendos elevados todos os trimestres.
A queda nos dividendos brasileiros, também influenciada pelo pior desempenho do setor de mineração, contrasta com o cenário global: no segundo trimestre, a remuneração a acionistas no mundo atingiu o recorde de US$ 568 bilhões (R$ 2,7 trilhões pela cotação atual).
É um aumento de 4,9% em relação ao mesmo período do ano anterior, puxado principalmente pelos lucros de empresas europeias, que costumam pagar dividendos em cotas únicas no segundo trimestre. O valor pago na região subiu 10% no trimestre.
"Os bancos europeus são o maior motor do crescimento, concentrando cerca de um quarto da alta anual, seguidos por montadoras de veículos, que contribuíram com um oitavo", diz a gestora, calculando que 86% das empresas europeias elevaram os dividendos no período.
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RANKING
Posição - Segundo trimestre de 2022 - Segundo trimestre de 2023
1 - Petrobras - Nestlé
2 - Nestlé - HSBC
3 - Rio Tinto - Mercedes Benz
4 - China Mobile - China Mobile
5 - Mercedes Benz - Bayeriche Motoren Werke
6 - BNP Paribas - BNP Paribas
7 - Ecopetrol - Microsoft
8 - Allianz - Allianz
9 - Microsoft - Sanofi
10 - Sanofi - Axa
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