FORTALEZA, CE, E SALVADOR, BA (FOLHAPRESS) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a cobrar nesta sexta-feira (1º) a redução da taxa básica de juros, fez críticas ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto e o associou ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Em discurso em um evento do Banco do Nordeste, no Ceará, Lula que considera que o patamar da taxa de juros continua muito alto e que é preciso reduzi-lo para atrair novos investimentos para o país.
"O cidadão do Banco Central [Campos Neto] precisa saber que é presidente de um Banco Central do Brasil e que precisa baixar os juros. Como o empresário vai investir? Como um empresário vai fazer uma fábrica? Como um empresário vai fazer um investimento qualquer se ele vai pegar uma taxa de juros muito alta. Então, nós vamos continuar brigando."
Na sequência, o presidente lembrou que o presidente do Banco Central foi indicado pela gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e voltou a criticar Roberto Campos Neto.
"Esse cidadão, se ele conversa com alguém, não é comigo. Ele deve conversar com quem o indicou. E quem o indicou não fez coisas boas nesse país. A sociedade brasileira vai descobrir com o tempo", afirmou o presidente.
Lula prometeu aumentar a oferta de crédito para investimento e destacou o papel dos bancos públicos. Ele exemplo de duas beneficiárias de financiamentos do Banco do Nordeste e destacou que elas só tiveram acesso ao crédito, mesmo sem garantias, porque houve um banco público que confiou.
"Espero que alguns economistas e senhor presidente do Banco Central estejam assistindo tenham ouvido o discurso das duas companheiras. Essa gente precisa compreender que o dinheiro que existe neste país precisa circular nas mãos de muita gente. Se o dinheiro ficar parado na mão de poucas pessoas, é concentração de riqueza", disse.
Em Fortaleza, o presidente participou de um evento do Banco do Nordeste que celebrou os 25 anos do Crediamigo e 18 anos do Agroamigo.
O programa Crediamigo atua no financiamento e na orientação empresarial de empreendedores, atendendo cerca dois milhões de pessoas com uma carteira de R$ 5 bilhões. O Agroamigo é focado na agricultura familiar e atende 1,3 milhão de produtores.
Nesta quinta-feira (1), em Teresina, o presidente lançou o plano "Brasil Sem Fome", que inclui programas já em execução e novas iniciativas para reduzir a insegurança alimentar da população.
O governo vai rastrear famílias em situação de insegurança alimentar grave e pretende criar um sistema de monitoramento permanente da desnutrição, para recolocar o Brasil na trilha de saída do Mapa da Fome. Em entrevista à Folha de S.Paulo, o ministro Wellington Dias afirmou que o país estará neste caminho até 2026, quando os dados já devem mostrar uma melhora em relação ao cenário atual.
O Brasil deixou a lista de países do Mapa da Fome em 2014, sob o governo Dilma Rousseff (PT), mas retornou em 2018, em um retrocesso inédito no mundo, segundo especialistas.
Conforme o relatório mais recente da FAO (braço da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura), divulgado em julho, cerca de 10,1 milhões de brasileiros passaram fome no período de 2020 a 2022 ?o equivalente a 4,7% da população.
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