SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O dólar abriu em leve queda nesta segunda-feira (18), enquanto investidores aguardam as próximas decisões de juros nos Estados Unidos e no Brasil, ambas marcadas para quarta (20).
O mercado local já dá como certa a manutenção do ritmo de queda da Selic, de 0,50 ponto percentual por reunião. Nos EUA, porém, ainda há dúvidas. Nesta semana, as taxas americanas devem ser mantidas em 5,50% ao ano, mas novas pressões sobre a inflação e dados econômicos fortes no país aumentaram as apostas de que novas altas de juros neste ano podem ser necessárias.
"O Fomc [comitê de política monetária dos EUA] deve manter os juros inalterados, mas parte do mercado parece estar acreditando que essa manutenção será temporária. Para a reunião seguinte, o mercado vê 30% de possibilidade de um aumento, um valor minoritário, mas relevante", diz a equipe da Guide Investimentos.
Os analistas lembram, ainda, que decisões sobre juros na Inglaterra e no Japão também ocorrem nesta semana.
Às 9h31, o dólar caía 0,23%, cotado a R$ 4,859.
Na sexta (15), a Bolsa brasileira interrompeu uma sequência de ganhos e registrou sua única queda da semana passada, seguindo os índices americanos num ambiente de cautela antes e decisões sobre juros no Brasil e nos Estados Unidos. O Ibovespa terminou o dia em queda de 0,53%, aos 118.757 pontos.
Apesar do pregão negativo, o índice garantiu forte alta semanal, subindo 3%. Dados positivos de inflação no Brasil e alívio de temores sobre China e EUA impulsionaram o Ibovespa.
Já o dólar manteve-se estável em R$ 4,87, mas acumulou desvalorização semanal de 2,2%.
A sessão foi marcada por volatilidade. No início do dia, dados sobre produção industrial e vendas de varejo na China apoiaram o mercado brasileiro ao aliviar ainda mais os temores sobre a desaceleração econômica do país.
Com isso, o Ibovespa até começou o dia em alta, mas foi lentamente devolvendo os ganhos e consolidou queda no fim da tarde, numa sessão marcada pela falta de indicadores relevantes na agenda local e por cautela do mercado antes das decisões sobre juros no Brasil e nos EUA, além de um movimento de realização de lucros.
As principais quedas do dia na Bolsa brasileira foram de Vale (0,82%) e Itaú (0,21%), que ficaram entre as mais negociadas da sessão. O maior tombo do dia ficou novamente com o Grupo Casas Bahia, ex-Via, que despencou 15,55% ainda impactado pelo mau desempenho de sua oferta pública de ações desta semana.
"A queda desta sexta-feira de certa forma foi uma realização dos lucros recentes, que ganhou amparo na queda dos índices de Nova York, se sobressaindo aos novos ganhos das commodities", afirma Alexsandro Nishimura, economista e sócio da Nomos.
A realização de lucros ocorre quando investidores vendem ações que tiveram forte valorização recente, para efetivar o lucro com os papéis.
Guilherme Mendes, especialista da Blue3 Investimentos, cita que os índices americanos também pressionaram o Ibovespa. O S&P 500, o Dow Jones e o Nasdaq registraram quedas significativas após dados econômicos mais fortes que o esperado, que despertaram cautela sobre uma possível nova alta de juros no país.
Além disso, Mendes aponta que as curvas de juros futuros subiram no pregão desta sexta após a divulgação de dados de vendas de varejo no Brasil, que tiveram aumento de 0,7% em julho em relação ao mês anterior, contra expectativa em pesquisa da Reuters de alta de 0,3%.
Para Dierson Richetti, especialista em mercado de capitais e sócio da GT Capital, o mercado também operou em cautela em meio a expectativa sobre a próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária).
"Apesar de já ser amplamente divulgado que o comitê irá continuar o ciclo de queda da taxa de juros, isso ainda faz os investidores institucionais terem um pouco de cautela entre hoje e quarta [20, dia da reunião], em virtude das informações do Banco Central a respeito da reunião", diz Richetti.
O Ibovespa também foi impactado por um movimento técnico relacionado ao vencimento de opções sobre ações na Bolsa.
As opções são contratos que dão ao titular o direito de vender ou comprar um ativo numa data específica no futuro por um valor pré-determinado. O vencimento de opções, ou seja, a data limite para exercer esse direito, sempre ocorre na terceira sexta-feira do mês, o que impacta o preço dos ativos nos pregões próximos.
O destaque positivo do dia, no entanto, foi o setor de energia. A Equatorial subiu 1,70% e foi a única entre as mais negociadas a ter desempenho positivo, enquanto a Energisa teve a maior alta do dia após ter aprovado uma emissão bilionária de debêntures na quinta (14).
Outras empresas do ramo, como Eneva e Copel, também ficaram entre as maiores altas do dia, subindo 1,98% e 1,91%, respectivamente. O índice que reúne as companhias de energia do Ibovespa subiu 1,38%.
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