SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O dólar operava em queda na manhã desta terça-feira (26) após a divulgação do IPCA-15 (Índice de Preços ao Consumidor Amplo - 15) de setembro, que veio levemente abaixo do esperado pelo mercado.
Mais cedo, a moeda americana havia começado o dia em alta, acompanhando a subida dos títulos do Tesouro americano numa sessão instável. Temores sobre uma nova alta de juros nos EUA seguem no radar do mercado e dão força ao dólar nesta semana.
No Brasil, investidores também repercutem a divulgação da ata do Copom.
Às 9h47, o dólar tinha leve queda de 0,20%, cotado a R$ 4,955.
O IPCA-15, divulgado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), mostrou uma aceleração da inflação para 0,35% em setembro, após alta de 0,28% em agosto. O índice foi pressionado principalmente pela gasolina.
Apesar da alta, o resultado ficou levemente abaixo das estimativas do mercado: analistas consultados pela Bloomberg projetavam avanço de 0,37%.
Com o novo resultado, o IPCA-15 alcançou 5% no acumulado de 12 meses. Nesse recorte, a alta era de 4,24% até agosto.
Já a ata do Copom voltou a mencionar as metas fiscais propostas pelo governo, afirmando que a desconfiança sobre o cumprimento dos objetivos fiscais tem elevado a preocupação com a inflação.
"O Comitê avalia que parte da incerteza observada nos mercados, com elevação de prêmios de risco e da inflação implícita, estava anteriormente mais em torno do desenho final do arcabouço fiscal e atualmente se refere mais à execução das medidas de receita e despesas compatíveis com o arcabouço e o atingimento das metas fiscais", disse.
A divulgação ocorre após o comitê ter reduzido em 0,50 ponto percentual a Selic (taxa básica de juros), na semana passada, e sinalizado que os próximos cortes serão da mesma magnitude. A indicação frustrou o mercado, que esperava uma possível aceleração do ritmo de queda dos juros no Brasil.
Na segunda (25), a Bolsa brasileira registrou leve queda e fechou abaixo dos 116 mil pontos enquanto o dólar subiu após notícias negativas sobre a economia chinesa, que reacenderam temores sobre a desaceleração do país.
Como pano de fundo, a agência de classificação de risco S&P reduziu sua previsão de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) chinês para 2023 e 2024, considerando a fraqueza do setor imobiliário do país. Além disso, a incorporadora Evergrande, uma das maiores da China, disse estar impossibilitada de emitir novos títulos de dívida.
Com isso, o Ibovespa caiu 0,07%, ficando praticamente estável aos 115.924 pontos, enquanto o dólar teve alta de 0,68%, terminando o dia cotado a R$ 4,965.
O Ibovespa operou em baixa durante toda a sessão puxado por forte queda de 2,05% da Vale. A mineradora é a maior empresa da Bolsa brasileira e é mais ligadas às movimentações da economia chinesa, um grande importador de minério de ferro.
Os setores mais sensíveis aos juros brasileiros foram os que mais caíam.
No varejo, o Grupo Casas Bahia caiu 13,24% e liderou as baixas da sessão, enquanto a Magazine Luiza recuou 4,01%. O índice que reúne as empresas do setor teve baixa de 0,31%.
"Faltam compradores convictos para as duas empresas. São companhias que estão com dificuldade de entregar resultados e apresentaram prejuízo nos últimos trimestres. A falta de confiança derruba as ações, que estão em tendência de baixa há alguns meses", diz Leandro Petrokas, diretor de pesquisa e sócio da Quantzed.
As aéreas também seguiam o ritmo de baixa impactadas pela alta do dólar e pela recente subida do petróleo no exterior. A Gol caiu 3,57%, também pressionada por um relatório do Citi que reiterou "alto risco" para suas ações, e a Azul recuou 2,84%.
A MRV, do setor de construção, registrou queda de 4,12%, completando a lista de maiores tombos da sessão.
Na ponta positiva, a Petrobras teve alta de 0,64% e atenuou as perdas do Ibovespa, apoiada justamente pela alta do petróleo. A Weg, que ficou entre as mais negociadas da sessão, também deu fôlego ao índice com alta de 4,45% após ter anunciado que fechou um acordo para comprar ativos da americana Regal Rexnord.
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