SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Trabalhadores da General Motors de São José dos Campos, Mogi das Cruzes e São Caetano do Sul estão sendo demitidos neste sábado (21). Segundo o sindicato, os avisos estão sendo enviados por telegrama. A montadora confirma cortes, mas não informa o total de funcionários desligados.

De acordo com o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região, filiado à CSP-Conlutas, os comunicados de demissão foram enviados a diversos trabalhadores, incluindo operários em layoff, sem prévia negociação com a entidade.

Em nota, a General Motors afirma que a queda nas vendas e nas exportações a levaram a adequar seu quadro de empregados nas fábricas citadas.

"Esta medida foi tomada após várias tentativas atendendo as necessidades de cada fábrica, como lay off, férias coletivas, days off e proposta de um programa de desligamento voluntário. Entendemos o impacto que esta decisão pode provocar na vida das pessoas, mas a adequação é necessária e permitirá que a companhia mantenha a agilidade de suas operações, garantindo a sustentabilidade para o futuro", diz em comunicado.

O sindicato da categoria contesta a justificativa da crise econômica e afirma que a GM descumpriu um acordo de que não realizaria demissões ou adotaria outras ações sem prévia negociação com o representante legal dos trabalhadores em São José dos Campos. A unidade tem cerca de 4.000 trabalhadores e produz os modelos S10 e Trailblazer.

Segundo a entidade, pelo acordo do layoff, aprovado em junho, cerca de 1.200 operários da planta ainda deveriam ter estabilidade no emprego durante a vigência da suspensão de contratos.

O sindicato da categoria fará uma assembleia com os trabalhadores neste domingo (22), às 10h, na sede da entidade.

"Desde já, a entidade exige o cancelamento de todas as demissões e a reintegração de todos os trabalhadores", afirma.

A General Motors registrou lucro líquido de US$ 2,57 bilhões (R$ 12,94 bilhões) no segundo trimestre deste ano, com alta de 51,6% na comparação anual.

Segundo relatório divulgado pela montadora, 1,6 milhão de veículos foram entregues no segundo trimestre, uma alta de 11,5% em comparação a 2022.

A GM enfrenta uma greve histórica nos EUA. A primeira greve simultânea contra as três principais montadoras americanas (GM, Ford Motor e Stellantis) está na sua sexta semana. Os trabalhadores do setor automotivo pressionam por salários e benefícios mais altos e pela eliminação de um padrão escalonado que paga muito menos aos trabalhadores mais novos.

As montadoras dizem que as exigências do sindicato prejudicariam seus lucros, já que tentam competir com fabricantes não sindicalizados, como a Tesla.

O vice-presidente do sindicato de São José dos Campos, Valmir Mariano, diz que as demissões deste sábado no Brasil vão gerar "solidariedade internacional" e impacto mútuo da situação entre os dois países.

A GM voltou a investir no mercado europeu com lançamento do Cadillac Lyriq, na Suíça, para aumentar a sua participação no mercado de carros elétricos. A iniciativa ocorre seis anos depois que a montadora americana vendeu suas marcas populares na região.


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