RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - O diretor de Engenharia, Tecnologia e Inovação da Petrobras, Carlos Travassos, disse nesta quarta-feira (25) que a empresa planeja realizar ao longo de 2024 licitações para a contratação de 36 embarcações de apoio à produção de petróleo em alto-mar.
As encomendas tendem a ficar com estaleiros nacionais, já que a lei dá preferência à contratação de barcos de bandeira brasileira.
Travassos disse que essas embarcações substituirão unidades que chegam ao fim da vida útil ou atendam a expansão das atividades da empresa.
O segmento de apoio marítimo inclui desde embarcações para o transporte de cargas a embarcações especializadas em operações submarinas, como o lançamento de dutos. Há hoje 410 desses barcos em operação no país, 361 deles com bandeira brasileira.
O diretor da Petrobras afirmou que a empresa licitará lotes de embarcações, de acordo com suas especialidades. A lista foi elaborada com base em projeções sobre a vida útil dos contratos atuais e das novas plataformas que a empresa colocará em operação.
Segundo ele, a Petrobras conversou com os estaleiros nacionais para entender a capacidade de produção e eventuais gargalos, a fim de definir quais os prazos de entrega dos navios. Ele estima a geração de até 35 mil empregos nessas encomendas.
Travassos explicou que, como se trata de aluguel de embarcações, as licitações não dependem de mudança no orçamento para investimentos da estatal, que será revisto até o fim do ano pela gestão petista.
A Petrobras planeja também um plano de contratação de navios de maior porte, por meio da sua subsidiária Transpetro, mas ainda não há consenso sobre o ritmo das licitações. A Transpetro gostaria de incluir 25 navios no próximo plano de negócios da estatal, mas o martelo não foi batido.
A demanda da estatal junto a estaleiros nacionais nos próximos anos inclui ainda a construção de módulos para plataformas de petróleo e o desmantelamento de plataformas que atingiram o fim da vida útil.
Neste último caso, o primeiro contrato foi assinado este mês com a Gerdau, que reutilizará todo o aço da plataforma P-32 após desmonte no Estaleiro Rio Grande, no Rio Grande do Sul. Outras 26 unidades terão de ser desmanteladas até 2027. Entre 2028 e 2030, há mais 27.
A Petrobras espera criar um novo mercado especializado para a indústria naval brasileira com essas encomendas. Segundo Travassos, outra licitação já foi aberta, para a plataforma P-33.
Além das plataformas, o processo de desmantelamento prevê a reciclagem de cerca de 2,5 mil quilômetros de dutos submarinos que hoje ligam os poços às plataformas de petróleo antigas que serão desativadas.
A reativação da indústria naval brasileira é promessa de campanha no presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Em seus primeiros governos, Lula fomentou um ciclo de investimentos no setor, que foi interrompido após a descoberta do esquema de corrupção investigado pela Operação Lava Jato.
Atualmente, os grandes estaleiros construídos nas últimas gestões petistas vivem de reparos de embarcações, que são contratos de menor porte e com menor geração de empregos. Para o setor, a debandada de mão de obra e a capacidade financeira são desafios à retomada.
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