SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O dólar abriu em queda nesta segunda-feira (30) com investidores aguardando as decisões de política monetária do Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA) e do Banco Central nesta semana, após temores com falas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre a meta de resultado primário de 2024.

Na sexta (27), Lula afirmou que a jornalistas que a meta fiscal de 2024 não precisa ser zero e que "dificilmente" o governo alcançará esse objetivo.

Agora, o foco do mercado passa a ser as reuniões sobre juros, ambas marcadas para quarta (1°).

No Brasil, a expectativa é que o Banco Central realize mais um corte de 0,50 ponto percentual, dando continuidade ao ritmo de redução iniciado em agosto. A preocupação do mercado, porém, é que a autoridade monetária emita um comunicado mais duro após as recentes declarações de Lula.

Nesta manhã, aliás, economistas consultados pelo BC aumentaram em 0,25 ponto percentual sua previsão para a taxa de juros no fim de 2024, após semanas de estagnação. Agora, os analistas esperam que a Selic termine o ano que vem 9,25%, conforme apontou o Boletim Focus.

Já nos EUA, a previsão é de que as taxas de juros mantenham-se inalteradas na faixa entre 5,25% e 5,50%, mas as apostas sobre os próximos passos estão em aberto. Enquanto dados sobre consumo e mercado de trabalho mostram uma economia aquecida, um indicador acompanhado de perto pelo Fed mostrou desaceleração na semana passada, indicando que uma nova alta nas taxas pode não ser necessária.

Com o mercado em compasso de espera, o dólar recuava 0,35% às 9h27, cotado a R$ 4,994.

Na sexta (27), a Bolsa brasileira despencou, o dólar subiu e os juros dispararam após as falas do presidente da República sobre a meta de déficit do ano que vem.

"Deixa eu dizer para vocês uma coisa. Tudo o que a gente puder fazer para cumprir a meta fiscal, a gente vai cumprir. O que eu posso dizer é que ela não precisa ser zero. A gente não precisa disso. Eu não vou estabelecer uma meta fiscal que me obrigue a começar o ano fazendo corte de bilhões nas obras que são prioritárias nesse país", disse o presidente.

Com isso, o Ibovespa terminou o dia em queda de 1,28%, aos 113.301 pontos, enquanto o dólar subiu 0,43%, fechando a sessão cotado a R$ 5,012.

Às 13h50, pouco antes da divulgação da fala do presidente, o índice operava em torno dos 114.400 pontos.

A Bolsa sofreu pressão principalmente das "small caps", empresas menores e mais ligadas à economia doméstica e ao movimento dos juros futuros. O índice que reúne essas companhias recuou 2,34%, e as maiores quedas foram de Hypera (8,25%), Grupo Soma (6,89%) e Gol (5,59%).

Nas poucas altas do dia, a Vale subiu 3,35% e foi o papel mais negociado da sessão após divulgar seu balanço corporativo do terceiro trimestre.

No câmbio, o dólar registrou forte queda no início da sessão e chegou a ser negociado a R$ 4,93 na mínima do dia após a divulgação de novos dados sobre a inflação americana.

O índice PCE, acompanhado de perto pelo Fed (Federal Reserve, o banco central americano), permaneceu em 3,4% em setembro, em linha com o esperado pelo mercado. Além disso, o núcleo do índice de gastos de consumidores, que exclui itens mais voláteis, caiu para 3,7%, ante 3,8% no mês anterior, atingindo seu nível mais baixo em dois anos.

Os novos dados aliviaram temores sobre um novo aumento de juros na próxima reunião da autoridade monetária do país, pesando contra a moeda americana.

Com a fala de Lula, a divisa virou e terminou o dia em alta. Na semana, porém, o dólar acumulou desvalorização de 0,37% ante o real.


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