SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O Fed (Federal Reserve, o BC dos EUA) manteve a taxa básica de juro estável entre 5,25% e 5,5% nesta quarta-feira (1º).
Ao comunicar a decisão, a instituição deixou a porta aberta para outro aumento nos custos dos empréstimos no futuro em um comunicado de política monetária que reconheceu a surpreendente força da economia dos Estados Unidos.
No comunicado, o Fed também destacou condições financeiras mais restritivas enfrentadas pelas empresas e pelas famílias.
"A atividade econômica expandiu-se a um ritmo forte no terceiro trimestre", disse o banco central dos EUA após a reunião de política monetária de dois dias em que autoridades foram unânimes em concordar em deixar a taxa de juro de referência "overnight" no mesmo patamar da última reunião realizada em julho.
A linguagem utilizada marcou uma atualização ante o "ritmo sólido" de atividade que o Fed observou em sua reunião de setembro, e seguiu-se a dados recentes que mostraram que o PIB (Produto Interno Bruto) dos EUA cresceu a uma taxa anual de 4,9% no terceiro trimestre.
Embora os mercados pensem que o Fed pode ter terminado de aumentar a sua taxa básica, com as condições financeiras tornando-se mais restritivas por si só através de juros baseados em mercado mais elevados, os dados que apontam para uma economia e um mercado de trabalho mais fortes do que o esperado mantiveram a perspectiva de outro aumento entre as possibilidades.
FED DESTACA "INFLAÇÃO ELEVADA"
O mais recente comunicado do Fed observou que, com os ganhos de emprego ainda "fortes" e a inflação ainda "elevada", o banco central continua avaliando "a extensão do aperto adicional da política monetário que pode ser apropriado para devolver a inflação a 2% ao longo do tempo".
O índice PCE, o mais acompanhado pelo Fed para medir o aumento dos preços, ficou em 3,4% no acumulado de 12 meses até setembro. A inflação mensal foi de 0,4%, mesma variação de preços que em agosto e um pouco acima do esperado.
O comunicado de política monetária tornou-se cada vez mais vago à medida que as autoridades se tornam menos certas sobre seu próximo passo, equilibrando uma queda lenta mas contínua da inflação com a sensação de que a economia provavelmente desacelerará nos próximos meses, em meio ainda ao receio de que pressionar muito mais com aumentos de taxas pode fazer com que a atividade fique mais lenta do que o necessário.
O comunicado disse que o Fed ainda está observando o impacto do desdobramento de seus aumentos anteriores enquanto pondera novas ações, ciente das "defasagens com as quais a política monetária afeta a atividade econômica e a inflação, e a evolução econômica e financeira".
A frase tem sido usada para indicar um certo grau de paciência na decisão sobre novos aumentos das taxas e um reconhecimento de que o impacto total dos 5,25 pontos percentuais nos aumentos dos custos dos empréstimos desde março de 2022 ainda não foi totalmente sentido.
Entre outras possíveis pressões está um aumento nas taxas de juro baseadas no mercado, que poderá travar ainda mais o crescimento econômico.
O comunicado acenou para esse possível impacto, acrescentando uma referência a condições financeiras mais restritivas como um dos fatores "com chance de pesar sobre a atividade", com efeitos ainda incertos.
EFEITO DOS TREASURIES
Ao mesmo tempo que a inflação segue elevada, houve um aumento nos rendimentos dos títulos do Tesouro de 10 anos, referência do mercado, que dispararam em setembro e em outubro chegaram a ultrapassar 5%.
"Muitos no Fed consideram que o aumento dos rendimentos (ou taxas dos títulos do Tesouro) equivale a um novo aumento das taxas" de juros, destacou Diane Swonk, economista-chefe da KPMG.
O impacto dos rendimentos dos títulos do Tesouro é muito mais amplo, destaca Swonk, do que o das taxas do Fed, uma vez que as taxas de referência decididas pelo banco central condicionam os empréstimos concedidos pelos bancos, "que representam apenas um terço do crédito nos Estados Unidos".
O Fed elevou as taxas 11 vezes desde março de 2022. Seu objetivo é uma inflação anual de 2%.
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