BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - Aliados de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se lançaram em uma operação para preservar a imagem do chefe da equipe econômica, após o presidente ter dito que "dificilmente" o país eliminará o déficit no ano que vem --abrindo caminho para enterrar um dos principais objetivos do ministro Fernando Haddad (Fazenda).

Enquanto a Casa Civil estuda enviar uma mensagem ao Congresso para concretizar a mudança, uma ala do governo busca uma solução menos desgastante para o ministro para a revisão da meta de déficit zero proposta para 2024,

O chefe da Casa Civil, Rui Costa, tem manifestado simpatia ao encaminhamento da mensagem modificativa, segundo contam aliados de Lula, sob o argumento de que cabe ao presidente a condução da política econômica.

Outra justificativa em prol do envio da mensagem seria evitar que o Congresso aumente muito a meta, caso o governo opte por sua modificação durante a tramitação da proposta de LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) --texto que traz a definição da meta.

Na quarta-feira (1), Costa chegou a consultar o relator do PLDO, Danilo Forte (União-CE), sobre a data-limite para encaminhamento da mensagem, que é o dia da votação do relatório preliminar na Comissão do Orçamento. A expectativa é que a votação ocorra na próxima semana.

Na reunião, que contou com a presença de Simone Tebet (Planejamento) e Alexandre Padilha (Relações Institucionais), Haddad foi representado pelo secretário-executivo da Fazenda, Dario Durigan.

Caberá a Lula definir quando e como propor a revisão da meta, caso seja essa sua decisão. O presidente deverá reunir a equipe nos próximos dias. A estratégia alternativa em análise passaria por uma costura para alteração da meta pelo próprio Congresso.

Na tentativa de afastar a ideia de isolamento de Haddad, aliados do presidente Lula passaram a defender, publicamente, a meta do déficit zero fixada para 2024.

O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, por exemplo, tem defendido a parlamentares a manutenção da meta de déficit zero até que o Congresso aprove medidas que garantiriam a ampliação da arrecadação no ano que vem. Só depois a meta seria reavaliada.

A aliados, tem dito ser importante defender a economia brasileira e, junto, Haddad. Apesar disso, Padilha não descarta, em suas conversas, a hipótese de envio de uma mensagem modificativa ao Congresso, caso esse seja desejo do presidente.

Já o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (BA), chegou a afirmar que seria de zero a chance de o governo encaminhar ao Congresso a mensagem modificativa que permitiria a revisão da meta de déficit apresentada por Haddad.

No plenário do Senado, Wagner disse que os oito anos do governo Lula já deram demonstração da responsabilidade fiscal do presidente, afirmando que a meta será mantida.

Como antecipou a Folha de S.Paulo, integrantes do governo passaram a discutir o envio ao Congresso Nacional de mensagem com a revisão da meta de zerar o déficit das contas públicas em 2024, após Lula declarar que "dificilmente" o país vai concretizar essa promessa no ano que vem.

Defensor da manutenção da meta, Haddad já teria admitido o risco de derrota na queda de braço travada dentro do governo, de acordo com fontes palacianas.

Lula recebeu líderes de partidos aliados para uma reunião na terça-feira (31) no Palácio do Planalto para discutir a agenda econômica.

Aos participantes, o presidente afirmou que não haverá contingenciamento de gastos previstos no Orçamento do ano que vem. Ele descartou a possibilidade de cortes de investimentos sociais.

Segundo aliados de Simone Tebet (Planejamento), a ministra preferiria que a meta tivesse sido revista há mais tempo.


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