RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - A Abradin (Associação Brasileiro de Investidores Minoritários) protocolou nesta terça-feira (7) denúncia à CVM (Comissão de Valores Mobiliários) pedindo investigações sobre a compra da Kabum pelo Magazine Luiza, negócio que os vendedores tentam reverter em arbitragem.

Na denúncia, a associação avalia que os minoritários podem acabar pagando a conta da operação com a diluição de suas fatias na varejista e pede que quaisquer ajustes na compra sejam pagos exclusivamente pelos controladores do Magalu.

Em julho, os irmãos Leandro e Thiago Ramos, fundadores do Kabum!, pediram abertura de arbitragem na Câmara de Comércio Brasil Canadá, alegando que o Magalu não pagou os R$ 3,5 bilhões combinados por sua empresa.

Eles receberam R$ 1 bilhão em dinheiro e receberiam o restante em 125 milhões de ações da Magalu, mas o valor dos papéis sofreu forte desvalorização e o valor remanescente ficou abaixo dos R$ 500 milhões. Querem que o negócio seja desfeito ou que a varejista complete o valor acordado.

A Abradin vê uma série de falhas na operação. Primeiro, diz, deveria estabelecer no contrato o valor das ações usado no cálculo do pagamento pela Kabum, que ficaria em R$ 20 no dia do fechamento do negócio.

Depois, continua, o Magalu deveria ter feito hedge das ações prometidas aos sócios do Kabum. Essas operações protegeriam tanto vendedor quanto compradores de oscilações no valor de mercado da companhia após a assinatura do contrato.

"A má-fé, falta de seriedade e desleixo na condução da operação de incorporação não podem ter seus custos repassados, de forma alguma para os acionistas minoritários do Magalu", afirma a associação, na denúncia à CVM.

A Abradin pede ainda investigação sobre a empresa de auditoria KPMG, que aprovou o balanço da Magalu em 2021, alegando que o trabalho na empresa não questionou desvalorização relevante na reserva de capital, feito em contrapartida ao aumento de capital para a compra da Kabum.

A associação diz a CVM que a quebra de contrato com os sócios da Kabum pode custar à Magalu a reversão do negócio, o que não seria interessante para a empresa, ou a necessidade de emitir novas ações para chegar ao valor previsto no contrato de compra.

"[Isso] implicará em brutal diluição dos acionistas minoritários, fato que somente ocorrerá porque a administração do Magalu não respeitou o contrato e porque não foram tomadas, pelos administradores do Magalu, as medidas necessárias para proteger a higidez da incorporação via operações de 'hedge'", conclui a denúncia.

"É mais uma das recorrentes fraudes em incorporação de ações que ocorrem no mercado de capitais brasileiro, como Oi-Portugal Telecom e JBS-Bertin, desta vez não permitiremos que a conta seja paga pelos acionistas minoritários do Magazine Luiza", disse o presidente da Abradin, Aurélio Valporto.

"Lamentável também a atuação suspeita e incompetente da auditoria KPMG, que presta um desserviço ao mercado de capitais brasileiro."

O Magalu disse que não comentará o assunto. A KPMG afirmou que, "por motivos de cláusulas de sigilo e regras da profissão, está impedida de se manifestar sobre casos envolvendo clientes ou ex-clientes".


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