SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - "Entre a reforma tributária desejada e a possível, essa é uma boa reforma", disse Márcio de Lima Leite, presidente da Anfavea (associação das montadoras), sobre a Reforma Tributária nesta quarta-feira (8), durante coletiva de imprensa da entidade. A opinião não é compartilhada por GM, Toyota e Volkswagen.
As três fabricantes publicaram uma carta aberta em que criticam um trecho específico da proposta, que deve ser votada pelo plenário do Senado nesta quarta.
"Precisamos da exclusão imediata dos parágrafos 3, 4 e 5 do artigo 19 da Reforma Tributária, que representam um retrocesso do ponto de vista tecnológico e ambiental, além de uma renúncia fiscal prejudicial ao desenvolvimento do país", diz o texto divulgado pelas montadoras.
A discussão envolve a manutenção dos benefícios fiscais na região Nordeste, que podem ser incluídos na reforma ?justamente os parágrafos mencionados por GM, Toyota e Volks. O grupo Stellantis é o principal interessado no tema: sua fábrica de Goiana (PE) produz modelos das marcas Fiat, Jeep e RAM.
Na carta aberta, as empresas que se sentem prejudicadas usam caixa alta para destacar o que consideram ser o principal problema dos incentivos. "Precisamos também que a PEC da Reforma Tributária a ser votada no Senado Federal nesta semana seja: JUSTA E ISONÔMICA PARA TODOS."
O presidente da Anfavea disse que as montadoras têm o direito de se posicionar. "E é bom que se posicionem com nome e sobrenome, é um debate legítimo, é uma política de governo."
A menção ao "nome e sobrenome" remete a uma disputa que já dura alguns meses. Em agosto, executivos da GM, da Volks e da Toyota iniciaram uma campanha anônima em contraposição à extensão dos benefícios. Leite foi criticado por, na visão dessas empresas, favorecer a principal concorrente no Brasil.
Além de presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite é vice-presidente sênior de relações institucionais e jurídico da Stellantis na América do Sul.
O executivo afirmou que a Anfavea não se envolve nesse tipo de conversa, já que se trata de questões pertinentes à estratégia das montadoras.
"A discussão é o tamanho do incentivo. As montadoras que estão instaladas na região Nordeste acham que não [é um benefício muito grande], as que estão fora acham que sim. Mas a Anfavea não tem legitimidade para discutir esse tema, e o que nós defendemos é a produção do Brasil."
Leite também amenizou as críticas que vinha fazendo à "invasão chinesa", após ver a repercussão negativa do tema. Ele valorizou os investimentos feitos por BYD e GWM, mas, ainda assim, divulgou números sobre o crescimento dos asiáticos no Brasil.
Segundo a Anfavea, cerca de 26 mil veículos chineses chegaram ao Brasil entre janeiro e outubro deste ano. Ao longo de 2022, foram pouco mais de 6.000.
"À medida que houver entrada de carros importados como uma base pré-operacional, é válido. Mas tem que ocorrer uma produção [nacional] verdadeira, que impacte fornecedores, embora saibamos que no início é mais difícil.", disse Leite.
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