SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A Americanas vai apresentar os resultados financeiros de 2022 na manhã desta segunda-feira (13), dez meses depois de vir à tona um dos maiores escândalos contábeis da história do país.
Serão divulgadas informações do ano passado e a revisão do balanço de 2021.
A varejista adiou por três vezes a publicação do balanço do ano passado --previsto originalmente para o final de março, depois para maio e, então, para o fim de outubro.
Segundo comunicado da Americanas em outubro sobre o assunto, a empresa vai conduzir na tarde desta segunda um evento online, dirigido a investidores e mercado em geral.
O objetivo, de acordo com a companhia, é "discutir seus resultados, atualizar o mercado sobre a evolução de seu plano de recuperação judicial, assim como apresentar o plano estratégico da companhia que já está sendo implementado e que norteará seu desempenho operacional e financeiro futuros".
Participarão do evento o presidente da Americanas, Leonardo Coelho, e a diretora financeira e de relações com investidores, Camille Loyo Faria.
Na quarta-feira (8), a B3 suspendeu a Americanas do Novo Mercado, onde estão, teoricamente, as empresas com o mais alto nível de governança corporativa. A empresa afirmou que vai apresentar recurso.
Relembre o caso
Na noite de 11 de janeiro, a Americanas divulgou um fato relevante ao mercado informando sobre "inconsistências contábeis" de R$ 20 bilhões, o que levou à renúncia do então CEO Sergio Rial e do principal executivo de finanças, André Covre, ambos recém-empossados.
Em 19 de janeiro, a empresa entrou em recuperação judicial, com dívidas declaradas de R$ 42,5 bilhões. Os maiores bancos do país são os principais credores da varejista, que em junho assumiu fraude nos balanços.
Relatório elaborado por assessores jurídicos que acompanham a Americanas desde que ela entrou em recuperação judicial apontou que demonstrações financeiras da varejista vinham sendo fraudadas pela diretoria anterior da empresa, o que inflou seus resultados em R$ 25,3 bilhões --esse foi o lucro fictício acumulado ao longo dos últimos anos (a companhia não informou ainda quantos anos).
As suspeitas recaíram sobre a antiga diretoria da Americanas, que atravessou décadas na empresa. À exceção do ex-CEO Miguel Gutierrez, que se aposentou ao final de 2022 para passar o bastão a Rial, os demais diretores foram afastados semanas depois de o escândalo vir à tona.
A atuação dos três principais acionistas da varejista --o trio de bilionários Jorge Paulo Lemann, Carlos Alberto Sicupira e Marcel Telles, sócios da empresa de private equity 3G Capital-- também esteve sob escrutínio.
Conselheiro da companhia, Sicupira foi apontado como o representante do trio diretamente ligado ao dia a dia da Americanas. Mas, em depoimento à CVM (Comissão de Valores Mobiliários), disse que ficou 'em choque' ao receber ligação de Rial para tratar do escândalo contábil.
No final de setembro, a CPI (comissão parlamentar de inquérito) que investigava a Americanas encerrou suas atividades sem apontar culpados.
As operações da empresa ao longo do ano sofreram forte impacto. Nos primeiros sete meses da crise, mais de 9.000 funcionários foram demitidos.
Entre 19 de janeiro, quando teve início a sua recuperação judicial, e 17 de setembro, a Americanas fechou 95 lojas --o que significa encerrar as operações de um ponto de venda a cada 2,5 dias, em média.
Hoje, a varejista soma 1.785 lojas. Em janeiro, eram 1.880.
De acordo com relatório de acompanhamento mensal dos administradores judiciais da empresa, enviado à CVM no início de outubro, a Americanas tem 16 ações de despejo em andamento por falta de pagamento.
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