BRASÍLIA, DF, E RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - Integrantes do Palácio do Planalto veem o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, fragilizado à frente da companhia, mas descartam a possibilidade de ele deixar o posto neste ano.
De acordo com interlocutores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), há insatisfação com a gestão do ex-senador na empresa pela falta de clareza na política de preços e também por discordâncias sobre o plano de investimentos da estatal.
Segundo integrantes da Petrobras, Lula quer ampliar o número de obras a serem inauguradas antes da eleição de 2026 e que gerem grande quantidade de empregos.
Um dos pontos em debate seria a conclusão das obras da fábrica de fertilizantes de Mato Grosso do Sul, que a Petrobras previa para 2028 -depois, portanto, da próxima eleição presidencial (2026).
Há ainda a perspectiva de entrega de menos navios do que os 25 anunciados no PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).
O presidente da Petrobras foi duas vezes ao Palácio do Planalto nesta semana, na terça-feira (21) e nesta quarta (22), para explicar o plano estratégico prestes a ser fechado. A divulgação da proposta está prevista para até sexta (24).
Nos dois encontros, estiveram presentes Fernando Haddad (Fazenda), Rui Costa (Casa Civil) e Alexandre Silveira (Minas e Energia), além do próprio Lula.
Os valores praticados pela estatal também alimentam os embates. De um lado, há a ala do governo que quer baixar o preço dos combustíveis --incluindo Silveira e os ministros Celso Sabino (Turismo) e Silvio Costa Filho (Portos e Aeroportos), preocupados com o impacto do querosene nas passagens aéreas.
De outro lado, Prates é defendido pela equipe de Haddad, que diz que o país não está vivendo um momento para justificar ajuste ou redução no preço dos combustíveis, e que isso não pode ser feito sob pressão política.
Um interlocutor chegou a comparar com a discussão sobre a meta fiscal. Ele diz que forçar a barra para reduzir os preços neste momento pode tirar a credibilidade da companhia.
A expectativa de integrantes do Planalto é que Lula aproveite o final do ano para fazer um balanço de sua gestão. É nesse contexto, avaliam auxiliares do presidente, que Prates poderia acabar mal e eventualmente demitido em uma reforma no ano que vem.
Nos últimos dias, o discurso público de Prates e do ministro Silveira, com quem vem tendo embates públicos, foi amenizado. Após a primeira reunião no Planalto, na terça, o presidente da empresa disse a jornalistas no Palácio do Planalto que não tratou sobre preço de combustíveis. Ele afirmou, inclusive, que nem poderiam ser mudados os valores praticados a "pedido".
"Essa coisa não funciona assim, não é pedido. Não existe esse pedido efetivo. Estamos praticando, seguramos um tempo com estabilidade ao longo do período de muita oscilação", afirmou.
Jean Paul também disse que é natural ir ao Planalto discutir o plano estratégico da companhia com o presidente.
Já Silveira, ministro que comanda a pasta à qual está ligada a Petrobras, disse nesta quarta que "está tudo bem" e que o objetivo das discussões é fazer o Brasil crescer e gerar emprego e renda.
Antes disso, Silveira fez críticas públicas e foi respondido por Prates pelo X, antigo Twitter, em uma sequência de cinco postagens.
"Para que o MME, órgão da União, possa orientar a Petrobras a baixar os preços de combustíveis diretamente, será necessário seguir a Lei 13.303/16 [Lei das Estatais] e o Estatuto Social", afirmou Prates.
Ele chegou a citar pontos como, por exemplo, que a União deve orientar a Petrobras por um ato normativo, e que a proposta deve ser submetida ao Comitê de Investimentos e ao Comitê de Minoritários, que vai avaliar se as condições a serem assumidas pela companhia requerem que a União compense pela diferença.
"A Petrobras merece uma gestão verdadeiramente preocupada com seu futuro e com o futuro do Brasil e do planeta, e todos os dias agradeço pela confiança depositada em mim e na diretoria que me acompanha nesta jornada desafiadora", disse o presidente da empresa no X.
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