SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O economista-chefe do Citi Brasil, Leonardo Porto, afirmou nesta quinta-feira (7) que os dados econômicos melhores que o esperado em 2023 dão credibilidade à equipe econômica do ministro Fernando Haddad (Fazenda) e abrem espaço para uma taxa de juros terminal maior do que a prevista pela maioria do mercado.

Ao início do ano, a previsão era que o PIB (produto interno Bruto) do Brasil iria crescer menos de 1%. Agora, se espera uma alta de 2,84%, segundo o boletim Focus. O Citi prevê uma taxa de crescimento ainda maior, de 3,1%.

"O PIB, mesmo em desaceleração, veio melhor que o esperado [...] O ministro Haddad ganhou, em parte, crédito de ter entregado resultados melhores do que se imaginava", afirmou Porto, nesta quinta-feira (7) em encontro com jornalistas.

No terceiro trimestre deste ano, o PIB subiu 0,1%, enquanto economistas esperavam contração de 0,3%. Segundo Porto, o Brasil se beneficiou de um cenário macroeconômico global mais favorável do que o esperado, mesmo com a alta nas taxas de juros de países desenvolvidos, e de uma política monetária bem-sucedida, que permitiu que o Banco central desse início ao ciclo de cortes nos juros antes que os pares internacionais.

Após a divulgação do PIB, Haddad cobrou o BC por cortes de juros. "Tivemos um PIB positivo, mas fraco. Com o corte nas taxas de juros, nós esperamos o PIB com mais de 3% de crescimento [em 2023] e um crescimento na faixa de 2,5% no ano que vem. Mas o BC precisa fazer o trabalho dele", disse o ministro

Para 2024 a 2027, o Citi projeta um crescimento do PIB de 1,5% a cada ano. Com relação à Selic, o Citi projeta que ela caia dos atuais 12,25% ao ano para 10% no ano que vem e que permaneça nesse patamar até 2027. Já a pesquisa Focus projeta a taxa básica de juros em 9,25% no próximo ano e em 8,50% em 2025 e em 2026.

"A economia está bem, performa mesmo com a taxa de juros alta. As intenções, métricas e objetivos que o governo tem do ponto de vista de desenvolvimento, medidas sociais, projetos para crescimento [econômico], desemprego, são positivas e tiram muita pressão do BC por uma taxa de juros mais baixa", disse Porto.

Outro ponto que alivia a autoridade monetária quanto aos juros é a sinalização de manutenção da meta fiscal, de modo a não descredibilizar o arcabouço e acionar os dispositivos de ajuste fiscal. "Não parece adequado você trocar a meta antes de no meio da briga, não faz sentido jogar a toalha antes de brigar com todas as possibilidades. É melhor não cumprir, do mudar a meta e cumpri-la", disse Porto.

Apesar da discussão ao redor das metas do arcabouço que elevaram a percepção de risco quanto ao cenário fiscal brasileiro, o economista ainda não vê consequências práticas.

"Toda essa questão de muda meta, não muda meta, acho que aumentou a incerteza, só que não teve impacto relevante em preço de ativo. O impacto desse aumento de incerteza no preço de ativo tem sido muito limitado até agora", disse Porto.


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