SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Depois de uma Black Friday frustrante, o varejo físico amargou um Natal aquém das expectativas neste ano. Segundo o Indicador de Atividade do Comércio da Serasa Experian, as vendas entre os dias 18 a 24 deste ano apresentaram uma queda de 1,4% em comparação ao mesmo período do ano passado. No final de semana do Natal o recuo chegou a 10,7%.

O indicador mede a movimentação dos consumidores nas lojas físicas por meio da quantidade de CPFs consultados no ato da compra ou por solicitação de crédito para todos os meios de pagamento.

Por esse critério --que não leva em conta o valor das vendas--, 2023 caminha para ter tido o pior Natal dos últimos três anos. A previsão é que a última semana do ano não consiga reverter o quadro da data, que é uma das mais aguardadas do varejo.

O percentual só não está pior do que o registrado em 2020, primeiro ano da pandemia, quando as vendas no período caíram 10,3%.

Em 2021, o levantamento registrou aumento de 2,8% nas vendas do varejo físico. Já no ano passado, a alta foi de 0,4%.

As vendas natalinas do varejo físico paulista também não foram animadoras, com queda de 1,2% durante a semana e de 9,6% no final de semana.

Luiz Rabi, economista-chefe da Serasa Experian, diz que o fato de o dia 24 ter caído em um domingo pode ter influenciado as baixas vendas no final de semana, já que é o dia mais fraco para o comércio.

A maior responsabilidade pelo resultado ruim é dos números recordes da inadimplência deste ano. Rabi acredita que os consumidores priorizaram usar o 13º salário para o pagamento e a renegociação de dívidas, deixando as compras e os presentes de Natal em segundo plano.

Dados da CNDL (Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas) com o SPC Brasil (Serviço de Proteção ao Crédito) aponta que 40,71% da população adulta do país está inadimplente. A média da dívida do brasileiro passa de R$ 4.000 por pessoa.

O foco do levantamento no varejo físico traça um bom panorama sobre o resultado geral do comércio. Segundo pesquisa da Abecs (Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços) as lojas físicas ainda são as preferidas pelos brasileiros para as compras de Natal.

Na região Sudeste, 68% dos consumidores preferem o atendimento presencial na hora de comprar presentes. O levantamento mostra que quanto mais velho o consumidor, maior a preferência por lojas físicas, com 81% entre pessoas acima de 60 anos e 64% entre jovens de 18 e 24 anos.

A Alshop (Associação Brasileira de Lojistas de Shopping) estima ter havido aumento no fluxo de clientes na semana do Natal, mas os dados de vendas serão divulgados nos próximos dias.

Nas lojas já é possível ver anúncios de promoções, para atrair consumidores atrasados ou que irão trocar os presentes do dia 25.

O comércio de rua da região central de São Paulo apostou nas compras de última hora para melhorar as vendas deste Natal.

A expectativa na 25 de Março, principal rua do comércio popular da capital paulista, era vender 15% mais neste ano em comparação com o mesmo período de 2022. O movimento do público no final de semana da da data comemorativa foi alto, como presenciou reportagem da Folha.

Pierre Sarruf, diretor da Univinco (União dos Lojistas da Rua 25 de Março e Adjacências), afirma que, pelo menos no seu segmento, o de decoração natalina, a expectativa se cumpriu.


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