SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O presidente da Argentina, Javier Milei, anunciou nessa terça-feira (26). em entrevista ao jornal argentino La Nación, que o Banco Central do país passará a emitir notas de 20 mil pesos (algo como R$ 100, ao câmbio paralelo - dólar azul - desta quinta) e 50 mil pesos (cerca de R$ 250), para diminuir a circulação de cédulas e ajudar a população que efetua pagamentos em espécie.
Milei não divulgou quando será oficializada a emissão das novas notas de pesos. Se efetivada, a medida pode ajudar também a turistas, que hoje precisam carregar grandes volumes de notas, já que o uso de cartão de crédito torna as compras muito mais caras.
"É uma tortura com o dinheiro. Imagine se você tem de pagar com dinheiro e tem de carregar um monte de notas, o que te coloca um rótulo na testa que diz: ?Roube aqui?. É óbvio que você está levando dinheiro", afirmou ao canal de vídeo da publicação, LN+.
A maior nota da Argentina no momento é de 2.000 pesos, que foi criada em fevereiro. O governo do ex-presidente Alberto Fernández chegou a estudar a emissão de uma nota de 5.000 pesos, mas não oficializou o plano.
O país enfrenta uma inflação de 160,9% no acumulado de 12 meses até novembro, o que desvaloriza a moeda local e leva a população a carregar muitas notas de dinheiro para efetuar pagamentos.
Segundo Milei, a impressão de notas de maior valor ajudaria a população, porque a falta de notas maiores dificulta as transações. O mandatário responsabilizou os governos anteriores, principalmente Fernández e Cristina Kirchner, ex-presidente e vice-presidente da gestão que antecedeu Milei.
"Entendo que os kirchneristas usaram essa artimanha para tentar reduzir a velocidade de circulação do dinheiro, mas nós, como parte de nosso programa fiscal, monetário e cambial, fechamos a torneira monetária", afirmou ao La Nación.
Milei avaliou que a quantidade de dinheiro só será alterada quando o governo passar a comprar dólares.
O presidente da Argentina prometeu, em sua campanha, a dolarização da Argentina. Em 12 de dezembro, dois dias após a posse, o governo anunciou a desvalorização do peso, que na época tinha a cotação oficial de US$ 1 para 366 pesos e passou a ser fixado em US$ 1 para 800 pesos. Nesta quinta-feira (28), a cotação de US$ 1 está em 843,51 pesos para venda.
Uma semana depois, Milei anunciou um megadecreto com mais de 300 medidas para desregular a economia. As leis se referem a temas como controles de preços, aluguéis, indústria, privatizações de estatais e "modernização do regime trabalhista".
Estão na lista também mudanças em mineração, planos de saúde, farmacêuticas, vinícolas, agências de turismo e até clubes de futebol. Milei convocou sessões extraordinárias no Congresso para buscar a aprovação do megadecreto e prometeu recorrer a plebiscito, caso os parlamentares vetem o plano.
O presidente também divulgou o corte de 5.000 funcionários públicos, além de um projeto de lei enviado nessa quarta-feira (27) ao Congresso com 664 artigos que concedem autorização para o Executivo privatizar estatais, impor restrições a protestos e bloqueios de vias, e revogar as eleições primárias (chamadas de Paso, em que argentinos são convocados a escolher os políticos que concorrerão nas eleições de fato).
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