SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - As vendas de automóveis zero-quilômetro cresceram 9,13% no acumulado de 2023 em comparação com o ano anterior, segundo dados divulgados nesta quinta-feira (4) pela Fenabrave (Federação Nacional de Distribuição de Veículos Automotores). Considerando os veículos comerciais leves, a alta foi de 11,3%.
No total, foram emplacados 2,18 milhões de veículos das duas categorias no ano passado, sendo 1,72 milhões de automóveis e 458.522 de comerciais leves.
Nas projeções para 2024, a Fenabrave espera uma elevação de 12% na venda de carros, totalizando 2,44 milhões de automóveis e comerciais leves emplacados. O presidente da entidade, José Maurício Andreta Júnior, se disse otimista com o desempenho do setor neste ano.
Apenas em dezembro, o Brasil emplacou 187.753 automóveis e 48.846 comerciais leves, elevações de 16,84% e 19,25% em relação a novembro.
Apesar dos números positivos, as vendas de carros ainda estão distantes dos níveis pré-pandemia, em 2019, quando o Brasil emplacou 2,65 milhões de automóveis e veículos comerciais leves no acumulado do ano.
O atual nível de emplacamentos de carros está próximo ao registrado em 2017, quando o setor passou por recuperação após um período de perdas. O pico de carros comercializados no Brasil na série histórica aconteceu em 2012, com 3,63 milhões de emplacamentos.
Com relação aos carros eletrificados, o Brasil registrou em 2023 alta de 90,7% nas comercializações, atingindo 93.970 de automóveis e comerciais leves emplacados.
As vendas totais de motocicletas novas subiram 16,10% no acumulado de 2023 na comparação anual, atingindo 1,58 milhões de veículos emplacados. Foram 132.752 motos emplacadas em dezembro, alta de 1,75% em relação ao mês anterior.
A Fenabrave espera alta de 16% nas vendas de motos em 2024, quando o Brasil deve emplacar um total de 1,83 milhões de veículos dessa categoria, segundo estimativa da federação.
O emplacamento de ônibus também cresceu em 2023. Foram emplacados 24.622 veículos, um crescimento de 12,63% na base anual. No mês de dezembro, no entanto, houve queda de 3,45% em relação ao mês anterior, e baixa de quase 30% em comparação ao mesmo período de 2022.
Para 2024, a alta esperada é de 20% nos emplacamentos de ônibus.
Os caminhões foram os únicos veículos que registraram queda nas vendas em 2023 na comparação com o ano anterior, de 16,39%, totalizando 104.155 veículos emplacados. Ainda assim, a Fenabrave ressalta que essa queda ficou abaixo do esperado. A federação esperava 96 mil caminhões emplacados em 2023.
Neste ano, a entidade projeta elevação de 10% nas vendas de caminhões.
No total, a venda de veículos em 2023 subiu 12%, atingindo 4,1 milhões de emplacamentos, acima do projetado pela Fenabrave, que estimava 3,9 milhões de emplacamentos no ano.
Andreta Júnior ressaltou que, enquanto o PIB (Produto Interno Bruto) do país é um fator de alavanca das vendas de caminhões, que devem ter a alta nas vendas afetada por um crescimento econômico do país menor em relação a 2023, a comercialização de carros é influenciada diretamente pelo mercado de crédito.
Segundo o presidente da Fenabrave, medidas do governo para melhorar as condições de oferta de crédito são positivas para o segmento nesse sentido.
As boas expectativas para 2024, segundo Andreta Júnior, também levam em conta a MP (Medida Provisória) que criou o Programa Mover (Mobilidade Verde e Inovação).
"Esse é um programa muito bom, consistente e que vai trazer para a indústria instalada no país condições de modernização [...] mais rapidamente", disse o presidente da Fenabrave. "Vejo isso com bons olhos, acho que o governo tomou uma medida assertiva", completou.
A MP prevê incentivos fiscais para empresas do setor automotivo para investirem em sustentabilidade e atualização tecnológica para essa finalidade. A medida também traz novas obrigações à indústria automotiva, para diminuir seu impacto nas emissões de carbono.
Andreta Júnior ressaltou que, com medidas como essa, o governo tem trazido previsibilidade para o setor. Somando esse fator à diminuição das turbulências políticas no país e o ambiente econômico mais favorável, o ano de 2024 se desenha para ser positivo. "Temos um momento mágico", afirmou.
A consultora econômica da Fenabrave, Tereza Fernandes, por outro lado, ponderou que o grande desafio do setor hoje é a questão fiscal. Fernandes disse reconhecer o esforço do ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), para organizar as contas públicas, mas afirmou que ainda vê o PT empenhado em gastar mais.
Outro ponto de incerteza citado pela consultora é a regulamentação da reforma tributária, após a sua aprovação. Um ponto de atenção, que pode trazer volatilidade ao mercado, segundo ela, é o nível do IVA (Imposto sobre Valor Adicionado) a ser implementado no país.
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