SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Com o avanço do open finance - tecnologia que permite o compartilhamento de dados entre instituições financeiras -, os aplicativos de finanças pessoais saíram do básico e ganharam novas funcionalidades, como pagamento centralizado de contas e avisos a clientes que ultrapassam os gastos no cartão de crédito.
Com o próximo passo do open finance, eles devem virar uma espécie de controle remoto, sendo possível realizar operações bancárias de diferentes instituições em um só aplicativo, um superapp, como já descreveu o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Nessa analogia, bancos seriam apenas canais e não mais instrumentos.
Como os apps de organização financeira precederam o open finance, ao serem os primeiros a reunir as informações de diferentes instituições em um só lugar, eles estão à frente dos tradicionais bancos na corrida para serem o principal canal que o cliente utiliza para fazer todas as transações financeiras, independentemente da instituição.
"Assim como as operadoras de telefonia, os bancos tendem a virar apenas infraestrutura. Eles não conseguem capturar o valor que os clientes estão buscando", diz Pedro Gomes, cofundador da Friday, app que reúne boletos.
Ao conceder os dados pessoais, o aplicativo puxa todas as contas vinculadas ao CPF e faz o intermédio dos pagamentos via Pix. Ele também notifica os clientes quanto ao vencimento.
"Avisamos duas vezes ao longo do dia de vencimento e uma terceira vez falando que é o último aviso. Se venceu, continuamos avisando até o cliente pagar, e atualizamos o código de QR do Pix para incluir multa e juros", diz Gomes.
O aplicativo, que custa R$ 9,90 ao mês, tem 79 mil downloads. Além disso, a empresa terceiriza a tecnologia do Friday para que outras instituições financeiras o ofereçam a seus clientes.
"Todas as instituições vão ter que remar nessa direção. Vai ganhar o usuário o app que trouxer mais valor. Não sei se as detentoras de conta vão ser mais tão importantes, o que mais importa é a interface de gestão do dinheiro", afirma Gomes.
Segundo a Pluggy, um dos principais provedores de infraestrutura para o open finance, os consentimentos obtidos por seus mais de 130 clientes triplicaram desde 2022.
"É esse o objetivo do Banco Central com o ecossistema Pix, open finance e Drex. O cliente vai buscar quem resolve melhor a vida dele", diz Victor Urano, cofundador da Pluggy.
Segundo o empresário, a tecnologia utilizada no compartilhamento de dados é segura por ser padronizada em todo o sistema financeiro. Além disso, as informações dos usuários são armazenadas em sistemas de nuvem de big techs como Amazon (AWS), Microsoft e Google.
A segurança é uma preocupação dos usuários, já que é necessário conceder os dados bancários e as senhas de acesso para que os apps atualizem automaticamente as movimentações bancárias.
"Todos os apps que estão nas lojas da Samsung e da Apple são validados do ponto de vista de segurança antes de serem disponibilizados", diz Urano.
Abaixo, compilamos avaliações dos aplicativos financeiros mais populares da Play Store e da Apple Store.
Mobillis
Com mais de 12 milhões de usuários cadastrados, o Mobillis é o aplicativo de finanças mais avaliado na Play Store e na Apple Store. Ele é um tradicional agregador de informações financeiras, que visa ajudar o usuário a economizar.
Com o open finance, a importação de boa parte dos dados ficou automatizada. Esta facilidade, porém, é limitada ao plano Premium, que custa R$ 159,90. Além disso, algumas instituições não estão inclusas nessa funcionalidade, como o Bradesco. Assim, quem quiser cadastrar os dados deste banco, seja conta ou cartão, deve fazer isso manualmente. O mesmo vale para os usuários do plano gratuito. Nesta versão, aparecem banners de publicidade com frequência.
Outras funcionalidades gratuitas são calculadoras de juros compostos, férias proporcionais, FGTS (fundo de garantia), rescisão, entre outros, e lembretes diários para acompanhar os gastos. O app também tem uma versão web.
Segundo a empresa, o próximo passo é introduzir a inteligência artificial. "Já temos usado diversos mecanismos para adotar o uso de IA com o objetivo de facilitar a gestão financeira dos nossos clientes, desde o atendimento até nossa categorização automática das despesas e receitas", disse a companhia por meio de sua assessoria.
Minhas economias
O Minhas economias é um app totalmente gratuito com a opção de importar dados das principais instituições financeiras do país. Algumas têm essa funcionalidade automatizada, como é o caso de Itaú e Bradesco. Mas, a maioria, requer a inserção manual de dados, ou seja, o cliente precisa digitar o seu saldo em conta.
O principal objetivo do app é ajudar o usuário a economizar e a organizar o orçamento mensal. Para isso, é preciso incluir manualmente os gastos, com a opção de cadastrar até assinaturas de streamings e colocar um valor limite para cada uma dessas despesas. Quando ele chegar perto do teto estabelecido, o app manda uma notificação.
Também é possível adicionar membros da família que compartilham gastos no app, que também pode ser usado pelo site.
MoneyNote
Entre os mais populares apps de finanças pessoais, o MoneyNote Controle de Contas e Despesas é o mais simples. Ele funciona como uma planilha de organização de gastos e não oferece conectividade com as instituições financeiras. O usuário deve inserir manualmente seus gastos e despesas.
O app tem quase todas as funcionalidades oferecidas no modo gratuito. A versão Premium --com cobrança única de R$ 39,90-- vem sem anúncios e com a possibilidade de fazer backup e de exportar os dados em um arquivo de excel ou PDF. Outra vantagem é a prioridade no atendimento com o suporte.
O MoneyNote não tem uma versão para a web. Para usá-lo, é necessário baixar o aplicativo.
Kinvo
O Kinvo é voltado às contas de investimentos. É possível conectar as principais corretoras ao app e centralizar todas as aplicações. Também há a opção de adicionar ativos manualmente.
O aplicativo ainda fornece informações sobre o mercado financeiro, com a cotação de ativos em tempo real e chamadas para as principais notícias ligadas ao movimento do pregão. Outra funcionalidade são gráficos que comparam o desempenho da carteira do usuário com o desempenho do mercado.
Na versão premium, de R$ 179,90 anuais, o Kinvo oferece um resumo do valor do Imposto de Renda devido, a rentabilidade real (descontada da inflação) dos ativos, notificação de dividendos e JCP (juros sobre capital próprio) e análises de especialistas.
É possível acessá-lo pela web no https://app.kinvo.com.br/login.
Gorila
O Gorila também é um agregador de investimentos totalmente gratuito. Ele atualiza as cotações e a rentabilidade dos ativos de forma automática em tempo real. O app também oferece relatórios de rentabilidade, com o comparativo ente o desempenho da carteira do usuário com o CDI, taxa que segue a Selic. É possível acessá-lo pelo site https://gorila.com.br/.
Papelada
O Papelada é um agregador de boletos gratuito. Para cadastrá-los é necessário conceder o CPF e código de usuário ou senha do provedor de serviço. Em alguns casos, o app pede email e a senha do email onde se recebe a fatura.
O diferencial do papelada é conectar as contas das principais concessionárias de água, gás, energia, de provedores de TV e internet e de cartões de crédito. O app alerta quando chega uma nova fatura ou quando ela não chegou no tempo adequado. Há ainda notificações para a data de vencimento dos boletos.
É possível integrar as conta dos principais bancos ao aplicativo para facilitar o pagamento das contas, importando automaticamente o extenso número do código de barras para a página de pagamento do app do banco.
Segundo o Papelada, que também pode ser acessado via web (https://www.papelada.com.br/), mais de 70 mil pessoas já o baixaram.
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