SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A Bolsa fechou em alta de 0,28%, aos 127.752,31pontos, nesta quarta-feira (31), dia de decisões de juros dos bancos centrais do Brasil e dos Estados Unidos.
Já o dólar fechou em queda de 0,19%, cotado a R$ 4,935.
O mercado esteve atento às decisões de política monetária do Banco Central do Brasil e do Fed (Federal Reserve, o BC dos EUA), em dia apelidado de "superquarta".
O Fed decidiu pela manutenção da taxa de juros entre 5,25% e 5,5% ?movimento já amplamente esperado pelos operadores, que aguardavam sinalizações do banco central norte-americano para apostar sobre quando o ciclo de corte de juros poderia começar: se em março ou em maio.
A taxa norte-americana é sempre observada de perto, já que, em geral, há uma preferência dos investidores pelos ativos do Tesouro dos EUA (Treasuries), os de menor risco no mundo.
Em comunicado, o Fed não deu qualquer indício de que um corte nos juros é iminente, afirmando que não considera "apropriado reduzir a faixa de juros até que tenha adquirido maior confiança de que a inflação está se movendo de forma sustentável em direção [à meta de] 2%".
Para Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master, as sinalizações empurraram o início do afrouxamento para maio, "especificamente quando o Fed diz que só vai cortar juros quando tiver mais confiança que a inflação está indo para 2%."
"Ou seja, ele não tem essa confiança ainda. Os dados da economia norte-americana estão bons, de varejo, produção industrial... Os dados de mercado de trabalho também foram razoáveis. Acredito que o Fed não quer arriscar de cortar os juros e ver um repique na inflação."
Já Alexandre Espírito Santo, economista-chefe da Way Investimentos, acredita que a expectativa de um corte em maio ainda é "audaciosa" por parte do mercado.
"Não vejo juros caindo tão cedo. O Fed mencionou que a situação é incerta, que precisa ficar atento à inflação. Acredito que esteja dando sinais de que não vai cair por agora, assim como fez na semana passada Chris Waller, importante membro do Fed", afirma ele.
Após a divulgação, a Bolsa seguia na toada altista, até a coletiva de imprensa com o presidente do Fed, Jerome Powell, rejeitar a ideia de corte em março.
"Não acho provável que o Comitê (Federal de Mercado Aberto) atinja um nível de confiança até a reunião de março" para reduzir a taxa básica, "mas isso é o que se verá", disse Powell, acrescentando que um corte em março não é o cenário base para os formuladores de política monetária.
A Bolsa, que beirou alta de 1,60% após a divulgação, perdeu força na última hora do pregão.
Já no Brasil, é praticamente consenso de que a Selic vai voltar a ter um corte de 0,5 ponto percentual, indo a 11,25%.
Em nota, Sérgio Goldenstein, estrategista Warren Investimentos, afirma que o comunicado do BC (Banco Central) deve repetir a mensagem de que os membros do Comitê anteveem redução de mesma magnitude nas próximas reuniões, avaliando que esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário.
"Desde a última reunião, não houve alterações relevantes da dinâmica inflacionária, das expectativas, das projeções de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos que justifiquem uma sinalização divergente das anteriores."
Na cena corporativa, Grupo Soma e Arezzo lideraram as altas com 17,55% e 12,37%, respectivamente. Além do otimismo com o Fed, as empresas estão prestes a anunciar fusão, de acordo com o jornal NeoFeed.
Natura&Co também fechou no sinal positivo, com ganhos de 3,94% após um relatório do Citi elevar a recomendação de ações para "compra/alto risco". Os analistas do banco afirmam que a fabricante de cosméticos está mais enxuta e focada na integração Avon/Natura na América Latina, após a venda da The Body Shop em novembro.
Na contramão do preço do petróleo no exterior, Petrobras avançou 1,07%, com o presidente da estatal, Jean Paul Prates, mirando aproximação com investidores internacionais no encontro "Deep Dive Petrobras" em Nova York.
Entre as baixas, Raia Drogasil caiu 3,62%, após Citi rebaixar a recomendação de "neutra" para "venda", sob a justificativa de que a desaceleração na receita da rede de farmácias vai pressionar os lucros.
Também era destaque o Santander Brasil, que recuou 1,99% com a repercussão do balanço de 2023. O banco reportou lucro líquido recorrente de R$ 9,383 bilhões no ano, uma queda de 27,7% em relação a 2022.
Vale reduziu 1,15%, engatando mais um dia de perdas com o pessimismo sobre os futuros dos preços do minério de ferro na China. Lá, dados de produção industrial fracos golpearam a confiança dos investidores, ainda em meio a preocupações sobre o setor imobiliário da segunda maior economia do mundo.
Olhando para o dólar, a sessão foi marcada pela briga entre investidores pela formação da Ptax de fim de mês.
A Ptax é uma taxa de câmbio calculada pelo BC com base nas cotações do mercado à vista e que serve de referência para a liquidação de contratos futuros. No fim de cada mês, agentes financeiros costumam tentar direcioná-la a níveis mais convenientes às suas posições, sejam elas compradas (no sentido de alta das cotações) ou vendidas em dólar (no sentido de baixa).
No fim, a Ptax foi fixada pelo BC em R$ 4,953 para venda.
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