SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O consumidor vai demorar a sentir no bolso a nova queda da taxa Selic (juros básicos da economia) anunciada nesta quarta-feira (31) pelo Banco Central. A redução da taxa de 11,75% para 11,25% ao ano terá pouco impacto imediato no custo de financiamentos, empréstimos, cheque especial e cartão de crédito por causa da enorme diferença entre a taxa básica e os juros efetivos de prazo mais longo.

Segundo cálculos da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade), o juro médio para as pessoas físicas passará de 121,29% para 120,30% ao ano. Na relação entre os juros cobrados ao consumidor e a Selic significa uma variação de quase 900%.

A Anefac fez simulações sobre o efeito no curto prazo deste último corte da Selic no dia a dia do consumidor considerando as principais modalidades de crédito usadas pelos brasileiros: compras a prazo no varejo, cartão de crédito, cheque especial, crédito direto ao consumidor para a compra de veículos e empréstimo pessoal em bancos e financeiras.

No rotativo do cartão de crédito, por exemplo, a taxa mensal passou de 14,91% para 14,87%. Assim, ao utilizar R$ 3.000 do rotativo do cartão de crédito por 30 dias, o consumidor vai pagar R$ 1,20 a menos de juros.

Se o correntista entrar no cheque especial em R$ 1.000 por 20 dias pagará R$ 0,27 a menos.

Pegar um empréstimo de R$ 5.000 em 12 meses com um banco sairá R$ 1,23 mais barato por prestação e R$ 14,79 mais em conta no total.

Já a compra de uma geladeira de R$ 1.500 em 12 prestações vai custar menos R$ 4,62 no valor final com a nova taxa Selic. No financiamento de um automóvel de R$ 45 mil por 60 meses, o consumidor pagará R$ 750,42 a menos de juros.

Para as pessoas jurídicas, a taxa média de juros sairá de 57,84% para 57,11% ao ano. As empresas pagarão R$ 62,39 a menos por um empréstimo de capital de giro de R$ 50 mil por 90 dias. No caso de duplicatas do mesmo período no valor de R$ 20 mil, serão R$ 24,86 a menos de juros.

Diversos itens compõem as taxas de juros praticadas no mercado, por isso há distância entre o estabelecido para a Selic. São cinco grupos de custos considerados por bancos e financeiras:

a Selic, que determina quanto o dinheiro custa para o banco a chamada "cunha fiscal", que são impostos compulsórios embutidos nas taxas de juros o risco de inadimplência, que é a parcela dos empréstimos que o banco espera não receber de volta a margem líquida do banco, que é o lucro da instituição com a operação as despesas administrativas, que são os custos dos bancos com processos, agências, funcionários, entre outros O crédito imobiliário é o mais diretamente ligado à Selic. Ainda assim, enquanto a Selic passou de 2% para 13,75% ao ano -e agora para 11,25%-, a taxa média do financiamento imobiliário permaneceu entre 7% e 12%.

Especialistas, porém, afirmam que a decisão sobre o momento de financiar um imóvel vai além da espera do corte de juros. O planejamento inclui a escolha da linha de financiamento mais adequada ao perfil do comprador.

O Banco Central começou a subir os juros em março de 2021 e o ciclo de alta se estendeu até agosto de 2022.

Após meses de manutenção da taxa Selic, a autoridade monetária começou o ciclo de baixa em agosto do ano passado.

O próprio presidente do BC, Roberto Campos Neto, tem dito publicamente que cortes de 0,5 ponto porcentual na Selic estão em um ritmo apropriado para as próximas reuniões do Copom. A expectativa é que 2024 termine com a Selic em um dígito. Neste patamar, o efeito da queda deverá ser mais perceptível para os consumidores.


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