SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A Bolsa fechou em alta de 0,75% nesta sexta-feira (16), aos 128.765,98 pontos, puxada pelo desempenho da Vale e da Petrobras.

Os ganhos das duas empresas de maior peso no Ibovespa minimizaram os efeitos dos dados de inflação ao produtor nos Estados Unidos, que vieram acima do esperado e enfraqueceram as expectativas de corte de juros por lá.

Já o dólar, que registrou alta firme no começo da manhã, perdeu força e fechou perto da estabilidade. A moeda norte-americana teve baixa marginal de 0,04%, cotada aos R$ 4,966.

Os preços ao produtor dos EUA (PPI, na sigla em inglês) aumentaram mais do que o esperado em janeiro, a 0,3%. No acumulado de 12 meses, a alta foi de 0,9%. Economistas consultados pela Reuters previam avanço de 0,1% na comparação mensal, e 0,6% na anual.

Com os dados surpreendendo para cima, as incertezas a respeito do início do corte de juros dos EUA também aumentaram. Agora, as projeções para a primeira redução na taxa norte-americana estão se deslocando para junho. Até semana passada, maio era visto como mais provável, depois de um banho de água fria do Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA) afastar as previsões de um corte já em março.

Apesar disso, o Ibovespa se manteve firme no sinal positivo, com Vale e Petrobras puxando os ganhos.

A mineradora subiu 3,56%, tendo como pano de fundo a reunião do conselho administrativo que discute o controle da companhia e a venda da Vale Base Metals, na Indonésia, após negociações com o governo do país asiático.

Além disso, os fortes dados de viagens na China ajudam a puxar o setor de mineração para cima. "Apesar do mercado chinês estar fechado na semana pelo feriado de ano novo lunar, dados oficiais do país mostram um impulso relevante no turismo justamente pela celebração", avalia Júlia Aquino, analista da Rico Investimentos.

"Os números fortes, acima das expectativas, podem ser um sinal de recuperação dos gastos dos consumidores."

Já a Petrobras avançou 1,47%, na esteira dos preços do barril de petróleo tipo Brent no exterior.

Braskem subiu 10,43%, em meio a notícias envolvendo avanços na auditoria para venda da partição da Novonor, antiga Odebrecht.

De acordo com reportagem do jornal Valor Econômico, os processos de "due diligence" (diligência devida, procedimento de investigações aprofundadas acerca de uma empresa), que correm em paralelo e são tocados por Adnoc (Empresa Nacional de Petróleo de Abu Dhabi) e Petrobras, avançaram e devem ser concluídos em até três semanas. Com isso, o processo de venda da Braskem pode ir para uma nova fase, animando os mercados.

Também foram destaque as ações do setor de educação. Cogna e Yduqs avançaram 3.38% e 2,74%, respectivamente, após o governo federal publicar resolução que cria o Fies Social. O programa visa garantir condições especiais de acesso ao Fundo de Financiamento Estudantil por estudantes com renda familiar per capita de até meio salário-mínimo e inscritos no CadÚnico (Cadastro Único).

O Ministério da Educação espera que mais de 100 mil estudantes poderão ser beneficiados pela iniciativa este ano.

Na ponta negativa, Tim liderou as perdas a 3,48%, com investidores mirando lucros após altas recentes, seguida por Telefônica (2,09%), CCR (1,99%) e Rumo (1,76%).

"Na minha visão o movimento do mercado de hoje se deu principalmente pelo maior apetite a risco dos investidores que buscam sempre olhar 'preço x valor'", diz Anderson Silva, head de renda variável e sócio da GT Capital.

"A taxa de juros alta nos EUA e divulgação em sequência de dados fortes da economia americana demonstram a dificuldade que eles terão para baixar os juros por lá, entretanto a velha máxima 'compre ao som dos canhões e venda ao som dos violinos' pode estar fazendo sentido para muita gente."

No radar, também estiveram as falas de autoridades da economia nacional. Em live do Bradesco Asset Management, Gabriel Galípolo, diretor de política monetária do BC (Banco Central), afirmou que a sinalização feita pelo órgão sobre cortes futuros de juros "se pagou" e deu bom resultado até o momento.

A análise é que a comunicação do BC pode ter diminuído a volatilidade dos preços. Galípolo, porém, reforçou que o colegiado continua analisando os impactos da atividade econômica na inflação, além do comportamento de núcleos acompanhados de perto pela autoridade monetária.

No exterior, as Bolsas dos Estados Unidos fecharam em queda após a repercussão dos dados da inflação ao produtor. De acordo com dados preliminares, o S&P 500 perdeu 0,49%, para 5.005,15 pontos. O índice de tecnologia Nasdaq recuou 0,83%, para 15.775,65 pontos. O Dow Jones caiu 0,39%, para 38.623,64 pontos.

Na quinta-feira (15), o Ibovespa se valorizou 0,61%, a 127.804 pontos, impulsionado pela alta de 3,19% nas ações da Petrobras e por indicadores econômicos dos Estados Unidos.

Os papéis da estatal acompanharam os ganhos do petróleo Brent. O barril fechou em alta de 1,5%, a US$ 82,86, na esteira da desvalorização do dólar no âmbito internacional. O índice DXY, que mede a força da moeda, cedeu 0,42%.

Contra o real, o dólar oscilou perto da estabilidade e fechou em queda marginal de 0,07%, a R$ 4,9681, depois de ter subido para R$ 4,97 na véspera.

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Folha de S.Paulo - Dólar recua e Bolsa oscila com mercado à espera de novos dados de inflação

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