SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Os brasileiros voltaram a gastar mais no exterior desde o arrefecimento da pandemia de Covid-19, mostram dados do Banco Central, mas passaram a esbarrar em outro contratempo: a persistente inflação no exterior.
Com preços altos lá fora desde 2022 e o real desvalorizado desde a crise sanitária, resta a opção de economizar no câmbio e na tributação. As contas globais ou multimoedas oferecem uma alternativa --trata-se de aplicativos bancários com sede em diversos países.
Para Michael Viriato, consultor financeiro e autor do blog De Grão em Grão, na Folha, o esforço de abrir uma conta a mais em um aplicativo global "compensa muito".
"O cartão de crédito fica apenas como segurança caso eles não possam ser usados, já que os aplicativos oferecem cartões de débito; nas contas globais evita-se a taxa de IOF e se consegue taxas de câmbio melhores", diz Viriato.
*Quais as diferenças entre uma conta global e um cartão?*
As operações nessas plataformas recolhem taxa de IOF (imposto sobre operações financeiras) de 1,1%, contra 4,38% para carregamento de cartão internacional pré-pago ou compra no cartão de crédito.
A diferença na alíquota tem a ver com a natureza da operação. Como as carteiras multimoedas têm personalidade jurídica nos diferentes locais em que operam, a transferência para a conta em outra moeda é considerada uma transação da pessoa para ela mesma em outro país.
Os cartões, por sua vez, realizam pagamentos e, por isso, recebem alíquotas mais altas.
*Quais as taxas?*
Por isso, a taxa fica em apenas 1,1%. As carteiras costumam cobrar uma taxa em torno de 1% pelo serviço de câmbio.
As carteiras também adotam o câmbio comercial atualizado, que pode sair abaixo do oferecido pelos bancos tradicionais.
Para economizar, há estratégias, como acompanhar a cotação da moeda desejada antes da viagem e tentar comprá-la com antecedência em um momento de baixa.
*Como transferir para uma conta global?*
As contas globais aceitam transferências via pix do titular da conta e a transação é instantânea.
*Quanto custa abrir uma conta em um aplicativo de? carteira multimoedas?*
As quatro principais opções no mercado, Wise, Nomad, e Revolut não cobram taxas para criar uma conta global. Criar uma conta global no C6 custa US$ 10 (R$ 50) —o serviço fica gratuito para quem tem mais de R$ 20 mil em investimentos em CBDs no Banco, para quem faz uma remessa de US$ 100 (R$ 500) ou 100 euros (R$ 545) e para clientes Black e Carbon.
*Há opções além de consumo em viagens internacionais*
Existem pessoas que também usam a carteira internacional para fazer compras no Brasil de produtos internacionais.
No caso da carteira multimoedas mais popular no país, de acordo com dados da empresa de monitoramento Sensor Tower, o Wise, 32% dos brasileiros registrados usam o aplicativo para fazer transações com origem no Brasil, como compra em ecommerce internacional ou compras locais em outras moedas.
Ainda assim, 68% usam o aplicativo em viagem internacional.
"Nosso cliente costumar baixar o Wise cerca de 40 dias antes de uma viagem, para se preparar, mas depois do passeio, ele vê que pode continuar usando o aplicativo no dia a dia, pela praticidade", diz Helene Romanzini, gerente de marketing de produto da Wise.
*Demanda pelos aplicativos*
Dados da empresa de monitoramento do desempenho de aplicativos Sensor Tower mostram alta na procura pelas quatro principais contas globais ou multimoedas.
De acordo com levantamento interno da empresa, o gasto de brasileiros com cartão Wise triplicou em 2023, em relação ao registrado em 2023. Isso, num cenário em que o gasto brasileiro com compras no exterior se manteve estagnado, de acordo com dados do Banco Central.
*Veja abaixo algumas das principais opções de carteira*
- Wise
A equipe do aplicativo, com origem nos EUA, diz que o app faz transações em 50 moedas e em mais de 170 países.
Após criar a conta no aplicativo, o usuário pode solicitar um cartão digital de bandeira Visa que fica pronto em minutos e permite fazer pagamentos por aproximação via carteira digital do Google, da Apple ou da Samsung.
Ainda há a possibilidade de pedir um cartão físico que chega em 10 dias úteis.
- Nomad
O aplicativo criado no Brasil diz que é aceito em mais de 180 países, mas permite operações apenas em dólares americanos.
A fintech oferece um cartão de débito internacional da Mastercard.
Também oferece um cartão digital gratuito e quase instantâneo, que funciona nas principais carteiras digitais do mercado. O cliente também pode emitir um cartão físico por US$ 20 (R$ 99).
- C6
A conta global do banco C6 permite transações em dólar e euro. Para abrí-la, é necessário pagar uma taxa de US$ 10 (R$ 50), que inclui a emissão de um cartão físico. O cartão digital é gratuito e a emissão de uma segunda via do físico sai por R$ 25 (R$ 124). A bandeira é Mastercard.
- Revolut
A startup europeia chegou ao Brasil ano passado e diz permitir operações em mais de 30 moedas. A emissão do cartão virtual e do primeiro cartão físico saem gratuitamente. A segunda via custa US$ 9 (R$45).
Entre na comunidade de notícias clicando aqui no Portal Acessa.com e saiba de tudo que acontece na Cidade, Região, Brasil e Mundo!