SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O primeiro leilão de transmissão deste ano, que ocorre nesta quinta-feira (28) na B3, é marcado por forte concorrência e deságios. Nos dois lotes disputados até as 11h desta quinta, a sinalização é de forte presença da Eletrobras.

Ao todo, 15 lotes serão leiloados.

A disputa pelo Lote 9, que abriu o certame, recebeu 12 inscritos. Saiu vencedora a Eletronorte, subsidiária da Eletrobras, com um deságio de 59,39%. O trecho de 6 km leiloado vai atender a regiãooeste do estado de Santa Catarina, no município de Chapecó, e vai demandar R$ 190, 6 milhões em investimentos.

A Eletronorte também arrematou a disputa seguinte, o Lote 1, com deságio de 42,93%. A linha de 538 km vai atender Piauí e Ceará com investimentos de R$ 1,76 bilhão.

O Lote 12, que prevê a construção de linha de transmissão de 394 km entre Piauí e Maranhão, com estimativa de investimento R$ 932,5 milhões, ficou com a Energisa. O deságio foi de 29,99%

O governo prevê que os projetos vão demandar R$ 18,2 bilhões em investimentos e levarão à geração de 35 mil empregos durante as obras.

Os custos pela expansão da transmissão serão custeados pelos consumidores de energia na tarifa.

Foram ofertados 6.464 km de novas linhas de transmissão e subestações com capacidade de transformação de 9.200 MVA (megavoltampère) de capacidade de transformação em 14 estados, Alagoas, Bahia, Ceará, Mato Grosso do Sul, Maranhão, Minas Gerais, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Santa Catarina, São Paulo e Tocantins.

A maior parte dos 15 lotes oferecidos busca ampliar a rede básica da região Nordeste para garantir a conexão de empreendimento de geração renovável já contratada, especialmente solar e eólica, e deixar o sistema preparado para receber novas usinas.

Este foi o terceiro leilão de transmissão no novo governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Já foram realizados dois certames no ano passado. O cronograma prevê ainda a realização de mais um leilão de transmissão em setembro deste ano e outros dois, em março e setembro de 2025.

A projeção é que o conjunto de certames vai mobilizar R$ 55 bilhões em investimentos.

Segundo Mário Miranda, presidente executivo da Abrate (Associação Brasileira das Empresas de Transmissão de Energia Elétrica), esse leilão completa o ciclo de projetos dedicados a dirimir o descasamento da transmissão com os empreendimentos de geração solar e eólica.

"Não se faz transição energética sem transmissão, e conseguimos com os leilões vencer o problema de conexão", afirma.

Miranda destaca que um trabalho preliminar identificou a indústria tem capacidade de atender a demanda dos equipamentos, e os bancos, de trabalhar na emissão do crédito e de debêntures.

A preocupação é com a capacitação dos trabalhadores. Segundo Miranda, a entidade busca junto a MME, Casa Civil e Senai organizar um programa de capacitação.

O setor também está monitorando a mobilização dos servidores do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis). O licenciamento ambiental é fator crítico para o cumprimento do calendário de obras.

Os empreendimentos devem entrar em operação em prazos que variam de 36 a 72 meses, e as concessões serão por 30 anos, a partir da celebração dos contratos.

"O prazo é importante. Quando mais cedo a obra for implantada, melhor para o investidor", afirma.

"Essa corrida contra o tempo exige uma resposta conjunta de fabricantes, construtores e autoridades ambientais."


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