Com o intuito de propor uma reflexão sobre a história do Brasil, a produtora Gavea Filmes inicia nesta terça-feira (11) uma série de discussões com escritores responsáveis por obras que colocam em evidência a formação das diversas identidades brasileiras. A iniciativa, que tem patrocínio do governo do Rio de Janeiro, inclui programação gratuita, com painéis online e atividades presenciais. Haverá participação de autores novos e consagrados. Entre os convidados do evento, batizado de Independência e Identidades: Histórias para pensar o Brasil, estão nomes que têm se manifestado sobre a necessidade de rediscutir a literatura usada para o ensino nas escolas.

A historiadora Ynaê Lopes dos Santos é uma dessas vozes. Há duas semanas, durante participação na programação especial da TV Brasil que colocou em pauta os 59 anos do golpe militar de 1964, ela defendeu que o ensino nas escolas deve proporcionar  formação mais crítica, incluindo pontos de vista que costumam ser marginalizados. A autora lembrou que o Brasil foi o último país da América a colocar fim à escravidão e enfatizou que a história brasileira não pode ser contada naturalizando o genocídio indígena e a sistemática exclusão dos negros.

"Precisamos fazer um serviço quase que de arqueologia educacional. Ir escavando essas camadas da história brasileira que ainda não é ensinada ou não é ensinada da maneira como deve ser nas escolas brasileiras, sobretudo nas escolas públicas, para que a gente tenha uma população que não se deixe levar por um discurso simplista de ódio e violência", afirmou.

Ynaê lançou no ano passado o livro Racismo Brasileiro: Uma História da Formação do País. Ela discutirá as ideias da obra em um painel virtual nesta quarta-feira (12), às 12h. A programação completa das atividades online pode ser conferida nas redes sociais da produtora Gávea Filmes, que é parceira na organização do evento e se encarregará das transmissões em seu canal. O primeiro painel ocorre às 10h de hoje (11) com Beatriz Brandão, Isabel Caetano e Thaís Reis, autores que farão um debate sobre travessias, memórias e ancestralidade.

Haverá ainda participação de jovens escritores que produziram obras no segundo semestre do ano passado a partir do edital Retomada Cultural 2, lançado pelo governo fluminense por meio da Secretaria de Estado da Cultura e Economia Criativa. Os autores tiveram trabalhos selecionados na categoria Literatura do Bicentenário da Independência do Brasil, voltada para marcar os 200 anos da independência do país, completados em setembro de 2022. O próprio evento também foi organizado com recursos previstos no edital.

A programação online se encerrará no dia 13, às 12h, com participação do escritor Olívio Jekupê, primeiro indígena brasileiro com mais de 20 livros publicados. Ele é também apresentador de um podcast no canal Rádio Resenha, onde no mês passado defendeu um ensino mais plural.

"Os alunos e professores precisam ler nossas obras para que possam entender melhor como pensam os indígenas. Muitas histórias foram escritas para retratar a visão dominante. E hoje temos vários escritores indígenas que trazem outros pontos de vista", disse.

Além dos painéis online, o evento inclui a Feira da Palavra, uma tarde de palestras, autógrafos, histórias e performances que ocorrerá no dia 22 de abril na Casa de Cultura Laura Alvim, em Ipanema, zona sul do Rio. Ynaê Lopes dos Santos também estará na programação presencial. Outra convidada é a mineira Carola Castro, autora do livro No Sertão Azul, que conta a saga de Hera Ser em busca de sua ancestralidade em uma viagem a Canudos (BA).

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Educação | Encontro | Ensino | Escritores | história | Rio de Janeiro


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