Nesta sexta-feira (8) será celebrado o Dia Mundial da Alfabetização, uma data que destaca a importância do aprendizado da leitura e escrita em todas as fases da vida. Criado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) e comemorado desde 1967, este dia serve como um lembrete do progresso alcançado e dos desafios persistentes relacionados à alfabetização em todo o mundo.

A alfabetização, fundamental na vida das pessoas, é um dos alicerces da educação e do desenvolvimento pessoal. No Brasil, embora exista uma queda na taxa de analfabetismo, os números ainda revelam uma realidade preocupante. De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD-Contínua) de 2019, aproximadamente 11 milhões de brasileiros com 15 anos ou mais ainda são analfabetos.

Em 2022, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) observou que a taxa de analfabetismo era mais alta entre idosos, pessoas pretas ou pardas e na região Nordeste. Para as pessoas pretas ou pardas com 15 anos ou mais, a taxa de analfabetismo era de 7,4%, mais do que o dobro da taxa entre pessoas brancas, que era de 3,4%. Entre os idosos com 60 anos ou mais, a discrepância é ainda mais evidente, com uma taxa de analfabetismo de 23,3% para pessoas pretas ou pardas em comparação com 9,3% para pessoas brancas.

Leiliane Oliveira, pedagoga com especialização em Alfabetização e Letramento, acredita que a maior importância da alfabetização, em qualquer idade, é a autonomia: “Com esse conhecimento, de leitura e escrita, as pessoas ganham muita autonomia, seja para comprar e vender, viajar ou conhecer novos lugares”, conta.

E é sobre essa autonomia e, de certa forma, liberdade, que o Portal traz a história de Tereza Cristina, uma mulher de 66 anos que decidiu investir tempo para se alfabetizar na idade adulta. Atualmente, Tereza gere seu próprio negócio e conta que esta independência foi conquistada através da sua busca pelo conhecimento.

FOTO: Arquivo pessoal - Tereza Cristina

Sua trajetória começou ainda criança, quando possuía muita dificuldade de aprender na escola. Ela considera que seu aprendizado na época era mais complicado por alguma disfunção cognitiva não identificada. Ainda segundo ela, seus avós, que a criaram, não conseguiam entender o porque ela não conseguia aprender a ler e nem escrever: "Em Juiz de Fora, antigamente, as coisas eram mais difíceis, como médicos por exemplo", reflete considerando que a sua dificuldade poderia ser melhor entendida com o auxílio de um médico. Com isso, seus avós compreendiam apenas que ela não queria aprender, e não que ela precisava de ajuda.

Quando já era adulta, aos 30 anos, Tereza deu asas a sua própria vontade: queria aprender a ler e escrever. "Quando voltei a querer ser alfabetizada, busquei a ajuda de outras pessoas, como minhas amigas naquela época". Foi com essas amigas que ela aprendeu o que precisava: aprendeu a ler, a escrever e até mesmo a vender. "Naquela época, tive uma amiga muito próxima que foi me orientando e me explicando o que eu devia ou não fazer, e eu aprendi!"

Para Leiliane, a principal procura das pessoas que voltam a estudar é o interesse em trabalhar e viver de maneira mais independente: “Eu tive uma experiência quando dei aula para uma turma de EJA [Educação de Jovens e Adultos] em que a maioria dos alunos diziam querer aprender a ler para ter a autonomia de poder vender um produto, negociar, fazer contas, ler um livro [...]”

Tereza hoje é uma artesã. Já trabalhou desde a produção de artesanato em biscuit até confecção de bolsas de crochê, e atualmente se concentra em laços e arcos infantis, além de administrar uma loja de roupas femininas. Sua jornada de alfabetização abriu portas para diversas possibilidades.

Hoje, ela se comunica pela internet com seus clientes, amigos e família. Além disso, ela usa a internet para aprender novas técnicas que aperfeiçoam cada vez mais o seu negócio.

Quando questionada sobre como é a Tereza de hoje, ela responde: “A Teresa de hoje é muito diferente. Olha só! Hoje eu sei ler, sei escrever. Faço artesanato. A minha falta de conhecimento no início da vida adulta não me atrapalhou, apesar de perceber que, se eu soubesse naquela época, hoje poderia ser diferente. Graças a Deus eu me sinto uma vencedora, porque hoje eu tenho o meu negócio e o meu cantinho. O conhecimento mudou a minha vida!”

Arquivo pessoal - Tereza Cristina

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