Profissionais discutem possível adoção do Enem em 2009 Representantes dos cursinhos e alunos são contrários à proposta de mudança no vestibular deste ano. Assunto será tema de debate na UFJF
*Colaboração
16/4/2009
Com encontro marcado para esta sexta-feira, dia 17 de abril, para debater com a Universidade Federal de Juiz de Fora a proposta do Ministério da Educação acerca da substituição do vestibular pelo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), os representantes dos cursinhos preparatórios de Juiz de Fora apresentam um discurso afinado.
O consenso, segundo o diretor
de um curso pré-vestibular no centro, Wilson Adolfo Corrêa de Almeida,
é argumentar pela manutenção do concurso em 2009 e avaliar a possibilidade de mudança
para o próximo ano. "Unificar o processo seletivo das universidades brasileiras é
um processo complicado, que deveria ser amplamente discutido antes de ser implementado.
Neste momento, não me posiciono contra ou a favor da substituição do vestibular
pelo Enem. Sou contra a mudança feita às pressas, durante o ano letivo, sem prazo
para a preparação dos alunos e professores"
, alega.
O diretor pondera que, se aprovada, a alteração seria a terceira no processo seletivo
da federal só este ano, o que prejudicaria a preparação dos alunos. "O ano letivo começou em fevereiro,
já adaptado às mudanças da UFJF para o vestibular e Pism 2010. Depois de três meses de
preparação, modificar a regra novamente não é justo para o aluno, que já elaborou uma
rotina de estudos para tentar ingressar na universidade e não terá tempo
para se preparar adequadamente para fazer o Enem, em outubro. São provas
muito diferentes."
O coordenador de outro cursinho da cidade, Sérgio Castro, tem a mesma preocupação.
Segundo ele, a aplicação da prova do Enem antes do final do ano letivo prejudicaria principalmente
os alunos que estão cursando o terceiro ano do ensino médio. "O
quarto bimestre letivo geralmente começa em outubro, o que significa que o estudante
faria o Enem sem ter estudado parte do conteúdo."
Outro ponto questionado pelo coordenador é a falta de informações sobre a
reformulação do Enem, prometida pelo governo. "Estamos no final de abril, faltam pouco
mais de cinco meses para a realização do Enem e até agora não tivemos acesso a nenhum edital,
nada que explique o conteúdo a ser avaliado pela prova. Isso é mais um ponto que reforça nosso apelo
para que a mudança não seja implementada às pressas"
, afirma.
Os dois representantes dos cursinhos foram enfáticos ao reforçar que o momento
não é para avaliar se a proposta do governo é boa ou ruim, mas de evitar que a mudança
seja feita às pressas e afete a preparação dos alunos para o processo seletivo deste ano.
"Essa unificação do sistema de educação brasileiro pode ser boa, mas precisa ser
feita com cautela. Cada Estado aborda um conteúdo diferente, os estudos têm traços
regionais. A abordagem atual do Enem é muito genérica, não contempla essas características"
,
pondera Wilson.
Futuro incerto
Os vestibulandos estão apreensivos diante da possibilidade de mudança
no processo seletivo de 2010. O assunto não sai da cabeça de quem está se
preparando desde o início do ano para realizar as provas da UFJF em dezembro.
"Os alunos estão muito confusos, não sabem se continuam estudando para o vestibular
ou se terão que se preparar para o Enem. Toda essa polêmica mexe com o lado emocional e
atrapalha a preparação"
, explica Sérgio.
A estudante Camylla Porto Araújo de Andrade, de 19 anos, acredita que a
falta de informação sobre a proposta do MEC colabora para aumentar a confusão.
"A gente não têm muita informação sobre essa mudança do Enem, mas acho que
não deveria acontecer agora, no meio do semestre letivo. Não dá tempo de
mudar a rotina e fazer a prova em outubro, nossa preparação já está direcionada para
o vestibular."
Para Camila Ferreira Cunha, de 18 anos, um dos pontos negativos
da mudança no processo seletivo é o aumento da concorrência.
"Se o processo for nacional,
todos os cursos ficarão mais concorridos. Além disso, essa possibilidade de escolher
cinco
universidades diferentes prejudica quem quer ficar na cidade natal, como
é o meu caso. Torço para que o vestibular não mude neste ano"
, declara.
Para elas, a alternativa é fazer uma mudança gradativa. "Já temos a pressão
de passar no vestibular e as mudanças bruscas colaboram para piorar
a situação. Essa confusão atrapalha bastante nosso preparo"
, lamenta Camylla.
Prazo curto
A reunião entre os dirigentes das escolas e cursinhos está marcada para esta sexta-feira, às 9h, no anfiteatro da Reitoria da UFJF. No dia 23 de abril, o Conselho de Graduação da federal se reúne para dar continuidade às discussões.
A UFJF pode optar pela utilização do Enem como única forma de ingresso e participar do Sistema de Seleção Unificada proposto pelo MEC e pode fazer a adesão parcial. Neste caso, o exame nacional representaria apenas uma das etapas do processo seletivo.
A adesão ao modelo proposto pelo governo federal não é obrigatória. Mesmo quem resolver adotar o novo modelo terá a oportunidade de se posicionar novamente. As universidades brasileiras têm até o dia 30 de abril para informar a decisão ao MEC.
Enquete
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* Patrícia Rossini é estudante de Comunicação Social da UFJF