SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - No que diz respeito ao futebol, pouco se sabe a respeito de Alison Brittain, 57. A única informação disponível é que ela torce pelo Manchester United.

Mas seu conhecimento ou envolvimento anterior com o esporte é irrelevante para o cargo que vai ocupar a partir do início de 2023. Ela será a primeira mulher a comandar a Premier League.

Para presidir a instituição que organiza o Campeonato Inglês, o torneio nacional que mais movimenta dinheiro no futebol mundial, é importante entender de finanças. Alison foi escolhida por unanimidade pelos 20 clubes que disputam a competição por seu currículo na área. Ela vai substituir Peter McCormick, que ocupa a vaga de forma interina.

A executiva era desde 2016 CEO da Whitbread, cadeia de alimentação, hotéis e entretenimento criada em 1742. Antes disso, desempenhou diferentes cargos no mercado de finanças. Trabalhou nos bancos Barclays, Santander e Lloyds. Foi Alison a responsável por supervisionar a venda da cadeia de cafés Costa para a Coca-Cola, uma operação de 3,9 bilhões de libras esterlinas (R$ 24,8 bilhões pelos valores atuais).

"É um esporte de enorme importância no país, é amado por tantas pessoas ao redor do mundo e pode ter um enorme impacto positivo em comunidades", disse ela, em texto divulgado pela Premier League.

Alison será responsável por negociar o próximo ciclo da venda de direitos de transmissão, a principal fonte de receita para os clubes. No período que começou neste ano e vai até 2025, as equipes vão receber, no total, US$ 7,1 bilhões (R$ 36,1 bilhões em valores atuais) pelos contratos internacionais e US$ 6,9 bilhões (R$ 35,1 bilhões) pelo acordo doméstico.

Na última relação divulgada pela consultoria Deloitte, que lista os 20 clubes mais ricos do planeta, 10 são ingleses.

Em 2019, a nova presidente recebeu o CBE (sigla em inglês para Comandante da Ordem do Império Britânico), distinção oferecida pela família real. Fez parte também do conselho econômico dos últimos três governos conservadores do Reino Unido (Boris Johnson, Theresa May e David Cameron).

A habilidade política pode lhe ser útil também porque a Premier League recebe acusações de não ter um sistema robusto o bastante para impedir que clubes sejam adquiridos por donos predatórios, não benéficos para o esporte. A consequência disso é ser tachada como instituição que se preocupa apenas com o dinheiro.

Há também o "sportswashing", a compra de equipes por estados totalitários e sem respeito por direitos humanos como forma de melhorar sua imagem institucional. Denúncias que ficaram mais fortes após a aquisição do Newcastle por conglomerado ligado ao governo da Arábia Saudita, no ano passado. Mas já existia quando o Manchester City passou a pertencer, na prática, à família real dos Emirados Árabes, em 2008.


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